A obra de Ruy Duarte de Carvalho se destaca no cenário das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, sua literatura se volta ao sul e se constitui de forma fronteiriça, “partindo da poesia e entrando pela antropologia adentro pela ponte do cinema, e deixando que a antropologia me catapultasse para a ficção”. Ruy Duarte configura para si uma dicção literária própria e extremamente particular que procura também construir uma identidade ao ceder sua voz ao outro O trabalho aqui proposto apresenta a hipótese de que na obra de Ruy Duarte de Carvalho, especialmente os livros que compõem a trilogia Os filhos de Próspero, autoficção é utilizada como artifício para dar voz ao outro, o não ocidental. Desse modo, analisaremos três aspectos centrais de tais narrativas que explicitam tal hipótese: a incorporação de outras obras, o modo como se configura o narrador e a diluição da fronteira entre os diferentes discursos utilizados pelo narrador, tomando como base alguns textos teóricos do próprio autor, Ruy Duarte de Carvalho e a fortuna crítica existente a respeito de sua obra.
Palavras-chave: alteridade; literatura angolana; Ruy Duarte de Carvalho