É difícil precisar quando o ato de adaptar textos pré-existentes foi introduzido efetivamente nas produções artísticas. O certo é que as migrações de uma linguagem para outra, de um suporte para outro, já vêm de longa data. No contexto atual, este recurso é quase um hábito, a tal ponto que, agora, torna-se difícil precisar quando um texto não está conectado de algum modo a outros muitos textos. Nesse artigo, ocupamo-nos de quatro autores – Alberto Moravia e Plínio Marcos da literatura, e Braz Chediak e José Joffily do cinema. Tais autores nos interessam, sobretudo, pelas as relações intersemióticas que se estabelecem nos processos adaptativos que partem de um conto de Moravia, O terror de Roma, mas ganham, a nosso ver, especial importância em Plínio Marcos, com a peça Dois perdidos numa noite suja, de onde advieram duas adaptações para o cinema. Tomando como base as teorias que tratam das traduções intersemióticas, preconizadas, entre outros, por Julio Plaza e Isaias Latuf Mucci, indubitavelmente as adaptações, aqui consideradas como processos geradores de novas obras, independentes em sua nova unidade, mas relacionadas em sua intertextualidade, não comportam mais comparações hierarquizantes no âmbito de valores, mas, se contrapostas, podem, no âmbito da recepção, propiciar uma leitura conjunta enriquecedora.
Palavras-chave: Teatro. Cinema. Adaptação. Plínio Marcos. Dois perdidos numa noite suja.