Anais
RESUMO DE ARTIGO - XIV CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
IMAGENS DO ROMANCE: PROTESTOS DE VERDADE NOS PRÓLOGOS CAMILIANOS
Vanessa Suzane G. dos Santos
A vasta produção literária de Camilo Castelo Branco (1825-1890) ultrapassou as fronteiras portuguesas e aportou também no Brasil. Na biblioteca do Grêmio Literário Português, localizado no Estado do Pará, as obras do autor formam uma vasta Camiliana, um dos mais significativos acervos da instituição. Na coleção, que comporta textos produzidos pelo escritor português e que a ele fazem referência, é significativa a presença da prosa de ficção, mais especificamente do romance, gênero que aparece com maior notabilidade e em que os prefácios são uma constante, meio pelo qual o escritor estabelece certa comunicação com o leitor, explicando-se, justificando-se, queixando-se, defendendo ideias e guiando o seu leitor a um melhor aproveitamento do texto ficcional propriamente dito. A leitura desses prólogos pode revelar ainda a opinião que o autor constrói acerca do próprio gênero, em uma época em que o romance ainda não dispunha dos melhores conceitos perante à crítica e os defensores da moral. Desse modo, uma das questões discutidas por Camilo em seus prólogos é aquela referente à relação entre realidade e ficção, atribuindo ao texto narrativo que seguia um ou outro aspecto, e fazendo da ironia o elemento fundamental por trás dos seus protestos de verdade. Assim, este trabalho pretende analisar os prefácios dos romances Estrellas Funestas (1862) e O retrato de Ricardina (1868) a fim de verificar os procedimentos utilizados pelo autor para enfatizar a possível verdade das histórias narradas, reforçando, ao mesmo tempo, o seu estatuto ficcional, evidenciando, assim, o momento de consolidação do romance em terras portuguesas.
Palavras-chave: Camilo Castelo Branco, prefácio, romance.
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