Ricardo Piglia, em “O último conto de Borges” (2004), ao propor uma leitura de “A memória de Shakespeare” coloca em cena imagens do literário: “A prática arcaica e solitária da literatura é a réplica (melhor seria dizer, o universo paralelo) que Borges erige para esquecer o horror do real. A literatura reproduz as formas e os dilemas do mundo estereotipado, mas em outro registro, em outra dimensão, como num sonho.” Levando em conta o proposto pelo Simpósio gostaria de tomar esse gesto de Piglia, a metaforização do literário, para pensar como os estudos literários, desde Aristóteles, ao produzirem uma definição da literatura o fazem acionando um campo por outro. Como o literário não permite uma única definição, a metáfora é um modo de produção do conhecimento dos estudos literários. Por isso, esta comunicação procurará ler os textos de Piglia e Borges para pensar a historicidade dessa metaforização do literário.
Palavras-chave: metáfora, estudos literários, discurso, literatura.