As mediações entre a condição do imigrante, sua relação com a fronteira, com o seu exílio e, principalmente, com o sujeito da cultura hegemônica do país que vive, apreendem diretamente o processo de posicionamento do sujeito diaspórico contemporâneo. Na descrição da imigração das irmãs García para os Estados Unidos, Julia Alvarez, por meio do romance How the García Girls Lost their Accents, retrata como as personagens constantemente agenciam suas porções caribenha e estadunidense tanto em solo caribenho quanto em solo estadunidense. Com efeito, essas relações procuram dar conta da questão da identidade do imigrante e sua inserção tanto na sociedade dominante de seu novo território quanto nos grupos minoritários que tendem a pertencer, pois tais relações realçam a noção de que os imigrantes tendem a ser “amphibians who do not have an old home and a new home to so much as two halfhomes simultaneously (IYER, 1993, p. 49) [anfíbios que não possuem um velho lar e outro novo lar, mas sim dois meio-lares simultaneamente (IYER, 1993, p. 49, tradução nossa). A tentativa do imigrante de se posicionar perante a sua situação diaspórica é propícia para produzir diálogos entre os povos do mundo contemporâneo resultando na ideia de que o sujeito, quando imerso na condição diaspórica, não está ligado somente a uma localidade, já que tem a capacidade de reconhecer sua identidade em qualquer lugar que ocupe. Dessa forma, o objetivo deste artigo é compreender as transformações vivenciadas pelas personagens do romance alvareziano depois que elas, juntamente com sua família, são forçadas a migrar para os Estados Unidos e aprender a conciliar sua identidade fronteiriça com os dois territórios, o da República Dominicana, terra natal da família García, e o dos EUA, terra escolhida por eles para escapar da ditadura militar que assolava a ilha na década de 60.
Palavras-chave: Fronteira(s). Ficção. Julia Alvarez.