Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
A volatilidade espaço-temporal dos estratos coloniais em leituras de Conceição Evaristo, Djaimilia Pereira de Almeida e Aida Gomes
Marcelo Brandão Mattos (Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ))
Os estudos culturais e as teorias pós-coloniais são ancoradouros para análises de obras ficcionais de autores representativos de nações que lutaram por independência e soberania, contra o poder colonial, cujos produtos culturais subsistem em espaços de fronteira entre a tradição local e a modernidade europeia, conforme os define o teórico indiano Homi Bhabha. Os estratagemas coloniais, no entanto, não se limitam no tempo e no espaço. No que tange à extrapolação temporal, há célebres contribuições de teóricos contemporâneos, como Walter Mignolo e Aníbal Quijano, que apontam a sobrevivência de uma “colonialidade” que preserva os estatutos coloniais para além do momento de domínio político do colonialismo. Há, contudo, a possibilidade de se pensar transposições dos estratos coloniais para outros espaços, admitindo-se uma dissipação do poder colonial que desafia os limites geográficos entre as nações – o que designamos, numa proposição teórica, por “colonialismo volátil”. Nesse sentido, dualidades do mundo colonial descritas por Fanon – como privilegiados e subalternizados, opressores e oprimidos, intolerantes e discriminados, censores e silenciados, hegemônicos e periféricos – passam a ser parâmetros flutuantes que pautam relações de pessoas de diferentes comunidades diaspóricas, unidas pelo pacto da experiência pós-colonial. Por meio desse caminho teórico, propomos análises das obras: “Becos da Memória”, da brasileira Conceição Evaristo; “As telefones” de Djaimilia Pereira de Almeida, nascida em Angola e crescida em Portugal, autorreferida como escritora portuguesa; e “Os pretos de Pousaflores”, da autora angolana Aida Gomes.
Palavras-chave: Teorias pós-coloniais; literaturas lusófonas; colonialismo volátil; memória; romance contemporâneo
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