A questão da estética esteve em primeiro plano na vida intelectual russa entre os anos de 1855-70. O que atribui a esse período interesse especial é o fato de um grande número de intelectuais bastante distintos entre si, as “melhores mentes”, ocuparem-se com literatura e crítica literária, levantando pontos fundamentais com relação à natureza da arte e da literatura, e de o terem feito com tamanho compromisso, que as controvérsias vieram a alcançar uma intensidade incomum, violenta em certos momentos (Walicki,1979; Billington, 1970). Concentrando-nos nas divergências entre D. Píssariev e seus pares do jornalismo crítico radical a respeito da estética (Moser,1989), observamos diferenças de pressupostos filosóficos. Embora o pensamento crítico da época fosse majoritariamente tributário das filosofias romântica e materialista alemãs, D. Píssariev parece ancorar seus argumentos no pensamento filosófico inglês, como podemos observar em seu artigo de 1865, “A destruição da estética”. Neste artigo, o crítico faz uma releitura da tese de Nikolai Tchernichévski, Relações estéticas da arte com a realidade, que dez anos antes abrira os debates sobre estética e pusera em questão os princípios que norteavam até então a crítica sobre arte (Paperno, 1996). Ao abordarmos o significado de estética em D. Píssariev e em N. Tchernichévski, pretendemos investigar as bases filosóficas presentes na argumentação daqueles críticos e observar como o pensamento filosófico ocidental foi absorvido na Rússia.
Palavras-chave: estética; crítica literária; arte; literatura russa.