Este trabalho tem como objetivo analisar a representação da memória do sujeito poético da obra Dentro da Noite Veloz, do poeta Ferreira Gullar, quanto à experiência do corpo ante os impactos das lembranças. A obra foi escrita em Buenos Aires em 1975, em meio a um período de clandestinidade: o poeta encontrava-se exilado por questões políticas. Gullar dá voz ao corpo, cujo movimento vai em direção ao corpo da linguagem e este, por sua vez, em direção aos espaços de vivência afetiva. Em Dentro da noite veloz estão disponíveis imagens que envolvem asperezas, lisuras, cheiros, ruídos, sendo que o princípio dessas sensações reside na alma sensitiva que atribui ao corpo a capacidade de se manifestar. A pesquisa é bibliográfica e tem como aporte teórico a visão de Bachelar (1993), Gaiarsa (2002) e Sarlo (2007). A memória emotiva é perpassada pela percepção, acomodando-se no corpo, bem como, em significados contidos na face das coisas. Consideramos que o olhar memorialístico do sujeito poético gullariano retoma a infância e adolescência e registra no corpo o que percebe, o que deseja e também o que lhe escapa, ele detém os componentes emocionais e memorialísticos por meio de marcas de vida e de morte.