A romancista Yvonne Vera é uma das maiores vozes feministas que se destacaram no cenário internacional da literatura de língua inglesa. A ficção é o veículo utilizado por ela para articular a experiência feminina reprimida e silenciada em seu país. Através de suas obras, Vera nos apresenta a sociedade zimbabuense, sob o olhar de uma mulher, ou seja, é através de um narrador, geralmente do sexo feminino, que acompanhamos seus enredos e tramas. Ela ainda localiza os lugares em que a opressão e o silenciamento dessas mulheres se encontram, nas mãos de um governo opressor e no âmbito familiar, sendo ambos regidos por uma conduta de valores patriarcais tradicionais africanos. Percebemos, então, que a escrita de Vera surge da necessidade de inverter as estruturas dessa dominação. Pode-se dizer que ela tem voz própria e que pertence a um grupo de escritoras que lutam para romper a opressão patriarcal e os estereótipos coloniais impostos às mulheres negras, o que reforça seu papel como uma escritora com ideais feministas. Portanto, o objetivo deste trabalho é demonstrar como Vera retrata essas personagens femininas como sujeitos capazes de agência e resistência e de que forma ela compartilha sua voz com essas mulheres oprimidas e silenciadas, desbloqueando suas narrativas na construção de uma coletividade que as inclua.