desenvolverei neste trabalho uma leitura de textos de Oswald de Andrade, notadamente o “Manifesto Antropófago”, O rei da vela e o Serafim Ponte Grande, articulada com as proposições de Pierre Clastres, contidas em artigos de seus livros A sociedade contra o Estado e A arqueologia da violência, e de Eduardo Viveiros de Castro em relação ao universo e à metafísica indígena: a sociedade contra o Estado, o mito da terra sem mal – via A terra sem mal, de Hélène Clastres –, o multinaturalismo, a inconstância da alma selvagem e a antropofagia indígena como um paradigma teórico-prático (práxis) do devir outro, do alterar-se. A proposta é testar um desenvolvimento do pensamento antropofágico visto como uma torção políticocultural que percebe no outro não uma imagem de si mesmo, mas a alteridade como uma imponderável forma de ser. A ideia é testar o conceito de antropofagia como uma noção política inevitável para a alternativa de sociedade sem Estado.
Palavras-chave: Oswald de Andrade. Antropofagia. Terra sem Mal. Revolução caraíba. Pindorama.