O rememorar na literatura não tem importância por transmitir referências a dados concretos, que podem ser também inventados, mas pela luz que ilumina a mente do criador/escritor, que assim como Milan Kundera, consegue fazer confluir em um mesmo espaço narrativo - como no caso do livro L’ immortalité (1990) - duas histórias paralelas: a da personagem Agnès, nascida do gesto da criação e a de Goethe, apoiada na biografia do escritor imortal. Essa mescla de personagens fictícios e históricos reconhecidos traz para o romance dois tempos: o da modernidade e pós-modernidade europeia e o do romantismo europeu, que transformam esse livro em uma conversa com o leitor que versa sobre a cultura europeia desde o classicismo até a pós-modernidade. Ao justapor os tempos da memória em uma exigente arquitetura, Milan Kundera também reflete sobre o processo criativo de seu romance.
Palavras-chave: Memória. Conhecimento. Criação romanesca. Milan Kundera.