ESTUDOS DE PAISAGEM NAS LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA


Coordenadores
Profa. Dra. IDA MARIA SANTOS FERREIRA ALVES (UFF)
Profa. Dra. MÁRCIA MANIR MIGUEL FEITOSA (UFMA)
Resumo: A proposta deste simpósio é reunir estudiosos da inter-relação entre literatura e paisagem, com uma compreensão teórico-crítica do conceito de paisagem a partir de um diálogo interdisciplinar entre literatura, filosofia, estética, sociologia e geografia cultural. Para isso, tomaremos a leitura da espacialidade seja como território próprio de uma cultura (país, cidade, continente), seja como territórios imaginados e simbólicos (a língua, comunidades culturais, construções estéticas) que podem, na sua estruturação, problematizar experiências de subjetividade e identidade em nossa contemporaneidade, marcadamente urbana e em crise em diversos níveis de existência. O conhecimento da paisagem não implica somente o conhecimento do espaço da ação, mas incorpora o espaço desconhecido, na medida em que é o espaço da vivência ou da "práxis social" que induz à mudança de pensamento, atitudes e comportamento espacial. No âmbito da literatura, trata-se de discutir a teoria da percepção da paisagem como percepção sobre o estar no mundo e o estar na escrita, lugares de habitação e reflexão cultural, social e estética, a partir de experiências de sujeitos individuais ou coletivos, retomando-se a discussão da paisagem, referência e metáfora, sobre novas bases conceituais e a partir de diferentes experiências culturais contemporâneas como defendem pensadores como Jean-Pierre Richard, Paul Claval e Michel Collot. Além disso, o tratamento crítico da paisagem como estrutura simbólica de interação cultural permite também uma reflexão de base sociológica em torno da noção de fronteiras, diversidade cultural e entrecruzamento de perspectivas identitárias, questões pertinentes para a compreensão de uma literatura, como aponta a proposta da ABRALIC. As comunicações deverão desenvolver leituras que comprovem transformações significativas no modo como as obras literárias escolhidas experimentam os espaços diversos da cultura de língua portuguesa. "

Subtema: Literatura e outros saberes

Ecos de pitoresco com ar de fotografia: a paisagem e a cidade.
por Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo

Resumo
O trabalho pretende discutir a apreensão da paisagem urbana, integrada ao processo de modernização da percepção, em romances escolhidos de J.Alencar (1829-1877) e textos literários de Lima Barreto(1881-1922). A perspectiva romântica modela, esteticamente, a paisagem urbana brasileira, mediada pela invenção da moda, dos inventos óticos e pela tradição pitoresca. Mas, a intensificação da vida sensorial e os deslocamentos espácio-temporais, nas primeiras décadas do século XX, permitem o desenho de um novo olhar, para a paisagem projetada na cidade, que mantém um diálogo crítico com a tradição ao associar paisagem e memória e, ao mesmo tempo, configura outro perfil de observador.

Clique aqui para ver o texto integral      

Desenhos da Holanda
por Cláudia Gomes Pereira

Resumo
O objetivo do presente trabalho é discutir a singularidade da tópica da viagem na obra Doze Noturnos da Holanda, de Cecília Meireles. O estudo do conjunto da obra da poetisa revela que essa temática pode ser apreciada em dois momentos distintos. O primeiro momento trata do tema da viagem vinculado à viagem imaginária, enquanto o segundo trata do tema considerando o deslocamento espacial. Com isso, a obra Doze Noturnos da Holanda publicada em 1952, tem destaque no acervo ceciliano, pois é o primeiro livro de uma série em que o deslocamento espacial e a viagem imaginária são simultâneos. Amsterdã, segundo a crônica “Janela de hotéis”, mostra um desenho arquitetônico que, logo no primeiro plano, destaca o entrelaçamento que há entre o presente e o passado. Com isso, o espaço físico adquire um peso significativo na obra, uma vez que atribui uma memória histórica à paisagem. O espaço não representa apenas um décor na lírica de Cecília: ele retém a memória do lugar. Em “Via Appia”, poema do livro Poemas Italianos, a poeta diz “pedras não piso apenas:/ - mas as próprias mãos que aqui as colocaram,/ o suor das frontes e as palavras antigas.”. Nesses versos, o leitor pode apreciar uma contemplação que considera, além da imagem concreta das pedras, as lembranças que elas guardam ou que testemunharam um dia. Nessa perspectiva, que condensa a importância do lugar e da memória que ele desperta, os poemas de Doze Noturnos da Holanda são marcados por símbolos que remetem à Holanda. Sendo assim, do ponto de vista espacial destacam-se, por exemplo, os canais de Amsterdã. Do ponto de vista da memória destacam-se a arquitetura e a decoração de Amsterdã que recordam e valorizam o século XVII; da mesma maneira que recordam a filosofia de Espinosa. Apesar de não haver menção à filosofia espinosiana nos poemas de Doze Noturnos da Holanda, a poeta parece dialogar com as idéias do filosofo, no que tange aos assuntos relacionados à concepção de Deus ou ao valor atribuído a cada ser vivo.

Clique aqui para ver o texto integral      

Um bairro: histórias e paisagens
por Franklin Alves Dassie

Resumo
Este trabalho pretende fazer uma leitura crítico-interpretativa dos livros da série “O bairro” do escritor português Gonçalo M. Tavares – sobretudo dos volumes O senhor Bretch, O senhor Calvino e O senhor Juarroz – com o objetivo de investigar as relações entre narratividade, formação da subjetividade e configuração da paisagem. Articulando, portanto, as discussões teóricas em torno das relações entre narratividade e subjetividade às questões da paisagem solicitadas pela leitura da série, pretende-se demonstrar aqui a importância de tal articulação para uma leitura que problematize, a partir disso, as respectivas noções.

Clique aqui para ver o texto integral      

Paisagem e poesia: uma certa maneira de ver e escrever
por IDA MARIA SANTOS FERREIRA ALVES

Resumo
Trata-se de apresentar alguns tópicos teórico-críticos que fundamentam nossa atual pesquisa sobre configurações / desfigurações da paisagem na poesia portuguesa contemporânea. Discutem-se algumas reflexões sobre a paisagem, como construção cultural, vindas da crítica temática francesa e da geografia cultural para expandi-las na análise de alguma produção poética portuguesa mais recente de caráter acentudamente urbano. Objetiva-se verificar a produtividade da questão para compreender os impasses atuais da escrita poética e o diálogo, no contexto literário português, com tradições líricas em torno da natureza e da subjetividade, com processos de reavaliação ou ruptura. A experiência do espaço como certa maneira de ver e escrever.

Clique aqui para ver o texto integral      

"DEMÉTER", "A NAVE DE ALCOBAÇA", "O BALOUÇO": ALGUMAS INTRIGANTES PAISAGENS DAS METAMORFOSES SENIANAS
por Kassia Fernandes da Cunha

Resumo
No presente trabalho, pretendemos focalizar a vertente descritiva da poesia seniana, através da ecfrase. Na coletânea de poemas "Metamorfoses", Jorge de Sena parte da observação de diferentes expressões da arte plástica para, após ter meditado sobre elas, transformar o que viu, ou o que as obras lhe deram a ver, em poemas. Tais poemas pretendem, muito além do que descrever os quadros, esculturas e fotografias, que lhes servem de ponto de partida, recriá-los, metamorfoseá-los em escritura poética. São as impressões de um sujeito poético, de sua perspectiva, que vão construir um diálogo entre a imagem captada e o texto. Os três poemas selecionados constituem-se num recorte, e através procuraremos demonstrar como o poeta percebe e recria, na linguagem, uma paisagem particular, que denuncia o seu olhar sobre o mundo. Para a concretização deste trabalho, principalmente no que concerne à relação da imagem com o mundo, seguiremos a orientação teórica de Michel Collot.

Clique aqui para ver o texto integral      

Tecendo escuramente as palavras
por Leonardo Gandolfi

Resumo
Observar, sobretudo, a relação hesitante entre a formação da paisagem e a contingência da memória na poesia do português Carlos de Oliveira. Memória tanto no sentido da experiência biográfica, “a minha infância, terra que eu pisei: / aqueles versos de água onde os direi”, quanto no sentido da tradição: “olhos turvos de lágrima, / eu vi a luz num país perdido”. O livro central aqui pode ser, digamos, um livro de esgotamento da estética neo-realista stricto sensus, curiosamente chamado Terra da harmonia. O que acaba por trazer, ainda que em seu estertor, uma vontade de transparência referencial mais evidente no que diz respeito à “realidade”, tornando essa relação entre memória e paisagem mais conflitante. Poderíamos continuar por livros posteriores em que uma consciência da textualidade se faz mais presente, como por exemplo, Micropaisagem ou Entre duas memórias. Mas não. Porque se essa transparência da “realidade” é mais patente aqui, a consciência do seu malogro também o é. “Caminhamos e parece tudo morto”. Entre essa memória falha, uma ideologia de certa forma esgotada e o trabalho sempre escuro das palavras, esse desenho vai ganhando contornos.

Clique aqui para ver o texto integral      

"Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra": a percepção da paisagem em Mia Couto
por Márcia Manir Miguel Feitosa

Resumo
Publicado em 2002, na Moçambique pós-colonial, "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", de Mia Couto retrata as profundas mudanças por que tem passado Moçambique e o cenário do confronto de vozes que constitui o universo cultural de um povo marcado pelos anos de colonização. À luz da teoria da percepção da paisagem, tal romance alça a categoria espaço a um papel substancial, na medida em que se vale de significados simbólicos a elementos espaciais tanto no discurso do narrador, quanto no desenvolvimento da ação das personagens. A história do clã dos Malilanes na Ilha Luar-do chão incita o leitor à revelação dos segredos que circundam o patriarcado de Dito Mariano. A começar pelo rio que divide dois povos e que, infinito como o tempo, representa a própria vida. Merece destaque também a Ilha mágica, palco de fenômenos sobrenaturais que envolvem a "quase-morte" do velho Mariano. Por último, o lugar "casa", espaço privilegiado do romance, reduto do sonho de construção da nacionalidade. Objetiva-se, portanto, evidenciar a presença enriquecedora da geografia imaginária no contexto literário, de modo a apreender a paisagem sob o ângulo da percepção da experiência e valoração das dimensões intrínseca da vida.

Clique aqui para ver o texto integral      

Seguindo os passos de G.H.: os espaços líricos da paixão
por Mariângela Alonso

Resumo
A pesquisa propõe o estudo da obra "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector, em especial a descrição e análise dos espaços percorridos pela protagonista G.H. Publicada em 1964, essa obra é recebida pela crítica como a narrativa que sintetiza os procedimentos enunciativos modernos de Clarice Lispector. Na sua novelística, os homens estão situados como seres no mundo e o espaço é uma forma de introdução da existência do ser no fluxo narrativo. O procedimento de Clarice Lispector nesta obra ressalta a necessidade de se recorrer ao conceito de narrativa poética, uma vez que a autora funde a técnica da prosa e da poesia para relatar, em primeira pessoa, a viagem mítica da personagem G.H. pelo espaço labiríntico de seu apartamento. Apresentamos uma leitura analítica, acompanhando os momentos líricos de revelação da protagonista a partir de uma decisão rotineira, arrumar o apartamento onde vive, começando pelos fundos, o quarto da empregada. Na descrição de cada espaço percorrido pela personagem, Clarice Lispector opta pela linguagem e estrutura poéticas, favorecendo, desta maneira, a análise e descrição da obra baseada na teoria da narrativa poética, postulada por Jean-Yves Tadié e Ralph Freedman.

Clique aqui para ver o texto integral      

Entre pedra e mar: figurações da subjetividade nas paisagens de Afonso Henriques Neto e Manuel Gusmão
por Marleide Anchieta de Lima

Resumo
Nesta comunicação, tencionamos investigar os desdobramentos da lírica contemporânea e os modos de figuração e deslocamento da subjetividade e da paisagem num conjunto selecionado de poemas redigido por Afonso Henriques Neto (Brasil) e Manuel Gusmão (Portugal). Focalizaremos os elementos paisagísticos pedra e mar, pontuando convergências e tensões dessas imagens no projeto estético desses poetas que vêem o mundo de lugares distintos, embora comunguem da mesma língua portuguesa. Neste percurso, desenvolveremos nossa análise em consonância com as abordagens teórico-críticas de Michel Collot, Alan Roger e Paul Claval ao compreenderem a paisagem como uma estrutura de sentidos construída numa interação histórico-cultural entre sujeito, linguagem e mundo. Por meio das oscilações figurais das imagens da pedra e do mar, os poetas mencionados problematizam a escritura poética, desafiando as estruturas inteligíveis e mobilizando os horizontes perceptíveis da poesia.

Clique aqui para ver o texto integral      

Cartografias murilianas:experiência da paisagem
por Ozana Sacramento

Resumo
Para vivenciar e registrar a experiência paisagística é preciso dilatar, ou apagar um pouco, o pragmatismo que condiciona o comportamento no espaço e isso ocorre quando se deixa guiar por informações novas, pela intuição e, assim, expõe-se ao que o espaço oferece. Trata-se de aguçar os sentidos e predispor-se ao aprendizado. Essa é a atitude de Murilo Mendes que empreende viagens pela Europa. O seu “olho armado” estende-se sobre a paisagem dos países visitados e daí surge “Siciliana”, “Espaço Espanhol” e “Janelas Verdes”. Considerando paisagem como vivência do espaço pela consciência humana, podemos entendê-la como articulação entre elementos naturais, culturais e bagagem do observador. Assim, o conjunto constituído de aspectos naturais, culturais, humanos, vivências e memória constituirão a paisagem muriliana em que percepção da paisagem e memória constituem par indossiciável e se configuram paralelamente. A cada olhar lançado sobre uma paisagem, surgirão outras, pois cada mirada engendra associações e reflexões e daí emergem dimensões do concreto e do imaginário, do visível e do invisível. Portanto, tanto percepção quanto a escrita da paisagem será sempre permeada pela bagagem do viajante, o que revela a estruturação da paisagem como vivência, experiência dos sentidos, espaço em que se forjam cartografias exteriores e interiores .

Co-autor:VICENTE DE PAULA LEAO (UFMG)

Clique aqui para ver o texto integral      

O Oriente de Os Lusíadas de Camões e o discurso do gênero: paisagem cultural e geográfica ao modelo da tradição épica ocidental
por Pedro Fonseca

Resumo
A idéia basilar desta comunicação consiste na verificação de que o fazer literário representa geografias e paisagens culturais de outras localidades, alheias à sua própria realidade e contexto, de forma retórica, imaginária e simbólica. As bases ideológicas, de ordem política e cultural dessa representação se consubstanciam nos recursos formais e expressivos que constituem o tratamento estético, revelendo aquilo que Hayden White identificou como "conteúdo da forma" na representação discursiva. Tendo por base essas noções, a comunicação propõe examinar Os Lusíadas (1572), de Luís Vaz de Camões, como obra comprometida com traços do complexo etno-cultural-androcêntrico, próprios da tradição ocidental. Assim, com base nesses pressupostos, a comunicação examinará a retórica dos tropos do ideário de Camões para reratar o Oriente, sua paisagem e sua gente, destancando-se, aqui, nesse âmbito tendenciosamente imaginário e figurativo, a "orientalização" do Oriente sob as lentes do discurso ocidental do gênero, ideológico e politicamente informado.

Clique aqui para ver o texto integral      

A POESIA DO SÉCULO XVIII: A PAISAGEM COMO FORMA DE REEDUCAÇÃO
por Rafael Santana

Resumo
O Arcadismo é, para grande parte dos estudiosos, reconhecidamente pobre em matéria poética, uma vez que sua arte está presa a moldes e a convenções limitadoras. Desse modo, pouco resta de interessante ao estudo desse momento literário. Contudo, parece-nos que a crítica, ao apontar as falhas do neoclassicismo, não se fez uma pergunta essencial: teria havido alguma motivação para que esta poética se manifestasse como tal? Este artigo postula a idéia de que há uma unidade profunda, tanto ética quanto estética, para a escolha do imaginário bucólico da poesia árcade. Assim sendo, o conceito que se tem sobre essa não dá conta de um estudo genuíno da mesma. Para uma análise de alguns aspectos das paisagens neoclássicas, este trabalho recorre fundamentalmente ao pensamento de Helder Macedo acerca do gênero pastoril.

Clique aqui para ver o texto integral      

Adelino Magalhães: imagens da Sebastianópolis
por Regina Célia dos Santos Alves

Resumo
Adelino Magalhães, em que pesem alguns estudos realizados sobre sua obra, ainda é um autor que carece de maior atenção por parte da crítica, haja vista a quantidade significativa de textos que produziu e seu estilo peculiar, que faz com que alguns estudiosos o considerem um escritor ímpar no momento em que escreveu. Além das questões várias presentes em sua contística, chama a atenção a dispensada pelo autor à descrição do espaço, sobretudo do ambiente citadino e do tipo de comportamento imposto por um padrão de vida que se queria cosmopolita. A visão de Adelino Magalhães sobre o urbano centra-se em especial na metrópole carioca, caracterizada nos contos do autor como local degradado, onde imperam o vício, a miséria e toda sorte de violência. Juntamente com essa visão do espaço, Adelino revela um olhar desencantado sobre a modernidade, com freqüência descrita por meio de imagens apocalípticas. Nesse sentido, o presente trabalho tem o objetivo de analisar dois contos do escritor, “Darcilinha” e “A rua”, ambos de Visões, Cenas e perfis, no intuito de observar o modo como Adelino Magalhães reconstrói e ressignifica, via representação literária, a urbe carioca das primeiras décadas do século XX.

Clique aqui para ver o texto integral      

EÇA DE QUEIRÓS E A PAISAGEM ORIENTAL
por Rosana Carvalho da Silva Ghignatti

Resumo
O romancista português Eça de Queirós empreendeu uma viagem ao Oriente em meados de 1869, motivado pela inauguração do Canal de Suez. A partir da leitura dos seus relatos de viagem, postumamente publicados com o título O Egito. Notas de viagem (1926) percebe-se as impressões pessoais do autor em relação ao que ele viu naquelas paragens distantes. Ressalte-se que esta vivência de aproximadamente três meses no Egito, na Palestina e na Alta Síria foi decisiva para a carreira do romancista, pois dela retirou elementos de inspiração para escrever textos ficcionais, jornalísticos e epistolares. Eça de Queirós, ao viajar ainda jovem para o Oriente, escreveu verdadeiros quadros que oscilavam entre a fantasia, fruto de suas leituras românticas colhidas na juventude, e a realidade, com a qual pôde entrar em contato e vivenciar, antecipando já a sua estética e política literárias. O estudo da paisagem oriental descrita pelo romancista permite avaliar a importância da sua viagem ao Oriente, pois a oportunidade de entrar em contato com outra cultura, que outrora o autor pôde apenas visualizar pelas suas longas leituras, acurou mais ainda a sua imaginação, descrevendo fisionomias, palácios egípcios, a riqueza da paisagem, além de opinar assuntos de índole social e econômica, como a fertilidade do rio Nilo, a situação da mulher no Oriente e as condições de miserabilidade do camponês egípcio. A paisagem oriental é presença constante na obra deste escritor, o que faz surgir indagações e teorizações acerca do tratamento dado aos aspectos culturais relacionados ao Oriente.

Clique aqui para ver o texto integral      

Sobre a paisagem em Sophia de Mello Breyner Andresen
por Sofia Maria de Sousa Silva

Resumo
O tratamento dado à paisagem na obra de Sophia de Mello Breyner Andresen tem dois aspectos que, de imediato, importa ressaltar e que nos interessa examinara nessa comunicação. Em primeiro lugar, a paisagem nunca é um retrato e sim a construção de um espaço que se quer absoluto. Em segundo, esse espaço absoluto – pautado por termos como jardim, noite, dia, mar, claridade, brilho, característicos do léxico de Sophia – dá o norte a uma poesia que ao mesmo tempo que rejeita a cidade, como corrupção da ordem perfeita do universo, mostra-se profundamente interessada pela pólis, pela chamada “cidade dos homens”.

Clique aqui para ver o texto integral      

A paisagem “de quadrado em quadrado”: a pintura de Vieira da Silva na poesia de Sophia Andresen
por Virgínia Bazzetti Boechat

Resumo
A comunicação aqui proposta pretende observar o sentido das recorrentes menções à pintora Maria Helena Vieira da Silva na poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen. Através de uma leitura sobretudo dos poemas cujos títulos fazem referência ao nome da pintora, busca-se refletir sobre as influências de características daquela pintura sobre os espaços construídos em tais versos, destacando-se a estrutura labiríntica de alguns destes poemas andresenianos e jogos de deslocamento dos papeis do observador, do pintor, do poeta e do leitor.

Clique aqui para ver o texto integral      

A paisagem revisitada: meméria e imagem em João Cabral de Melo Neto e Carlos de Oliveira
por Cláudia Coelho

Resumo
A relação poema-mundo exterior, nas obras cabralina e oliveiriana, revela constantes viagens às paragens da infância desses poetas. Essa ligação, todavia, não limita sua poesia ao regional. Ao contrário, fornece elementos imagéticos que permeiam textos reconhecidamente universais, nos quais a realidade cotidiana serve como motivo para a reflexão do fazer poético paciente, conciso e severo, resultando num rigor estético ímpar.