Mírian Sousa Alves, Maria do Rosário Alves Pereira
Este trabalho propõe uma análise da construção de dois personagens ficcionais que veem a internet como possibilidade de escape. O primeiro deles é Simon, personagem do filme “As confissões de Henry Fool” (EUA, 1997), de Hal Hartley e o segundo, é o protagonista do romance de Bernardo Carvalho, intitulado “Reprodução” (BR, 2013). Tratam-se de personagens que parecem viver entre o delírio e a vida cotidiana, exibida como um painel sórdido e decadente. Por diferentes razões, ambos encontram-se presos em seus cotidianos e a escrita na rede se oferece como possível saída. Como referencial teórico, a análise utiliza o trabalho de Rainer Guldin, “Pensar entre línguas – a teoria da tradução de Vilém Flusser”, como principal pilar. Outros autores que investigam as relações entre a língua e a noção de comunidade também iluminam a análise, tais como Peter Pál Pelbart (Poder sobre a vida, potências da vida) e Vilém Flusser (Língua e realidade). O resultado é a percepção das diferenças e semelhanças que se delineiam na construção desses personagens que marcam a passagem do período em que a internet ainda estava em seus primórdios (Henry Fool) aos dias atuais, aqui percebido no romance de Bernardo Carvalho.
Palavras-chave: Literatura. Vida social. Escrita na rede.