A amargura irônica de “Okno na tamt? stron?”/“Uma janela para o lado de lá”, poema coligido em Co czyta?em umar?ym/O que eu lia para os mortos, de W?adys?aw Szlengel (1914-1943), faculta um vislumbre dolorosamente nítido, presta testemunho dos mais eloquentes da vida precária que se terá vivido, às vésperas da Endlösung, por trás dos muros do Gueto de Varsóvia. O sujeito poético, judeu polonês proibido pelo meticuloso arbítrio nazista de achegar-se à janela com vista para o restante da cidade, espera pela noite; olha então com avidez através da vidraça, buscando, para além das “árvores arianas” do belo parque defronte, “um contrabando sentimental”: os vultos e contornos da urbe adormecida que ainda chama de sua – porém já não é. Descortinar um pouco do que se vê dessa “descarada janela judia”, examinando, a partir dela, o lado de fora e, sobretudo, o lado de dentro do Gueto, dar a conhecer no Brasil alguns versos e alguma prosa de Szlengel, apresentando-o, traduzindo-o e comentando-o, será nosso objetivo nesta comunicação.
Palavras-chave: W?adys?aw Szlengel. Gueto de Varsóvia. Literatura polonesa em tradução.