LITERATURA E TELEDRAMATURGIA


Coordenadores
Profa. Dra. Elzira Divina Perpétua (UFOP)
Prof. Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE)
Resumo: Este simpósio propõe dar continuidade à reflexão iniciada no XI Encontro Regional da ABRALIC ampliando a discussão sobre o intercâmbio entre a literatura e teledramaturgia. Além de análises que apontem elementos narrativos e líricos presentes no processo das traduções literárias para a TV, a proposta pretende levar a discussão para o âmbito da recepção e da tradução intersemiótica e, considerando a linguagem da televisão como um sistema de signos aberto a várias possibilidades, refletir sobre a teledramaturgia como um fenômeno capaz de redimensionar o sentido da cultura e sobre o papel do intelectual e das mídias para o leitor. Para tanto, serão discutidas questões referentes à articulação literatura e teledramaturgia, principalmente nos campos relacionais, com vistas à exposição das formas de interação, interseção e diálogo entre esses sistemas de signos. Essas formas não se circunscrevem apenas ao trabalho de "adaptação" televisiva de textos literários ou à incorporação, por parte destes, de elementos narrativos. São estratégias que se dão também através de diálogos implícitos, citações, evocações oblíquas, cruzamentos imprevistos, interações e convergências que irradiam múltiplas interpretações da cultura, da literatura e também das sociedades."

Subtema: Literatura e mídia

ICONOGRAFIA DO INFERNO NA TRADUÇÃO DE PETER GREENAWAY PARA TV DANTE.
por Acir Dias da Silva

Resumo
Estudaremos a reiteração de elementos clássicos de expressão visual n os cantos do Inferno, no trabalho produzido pela TV DANTE, do diretor Peter Greenaway (Reino Unido,1989). O Inferno de Dante, a primeira parte d’A Divina Comédia, narra a descida de Dante ao inferno e das almas perdidas que ele lá encontra, arrolando, numa variada lista de vícios e crimes de sua época. Nas imagens em movimento traduzidas por Greenaway, a videocolagem transparece a riqueza, as emoções e relevância da obra para a contemporaneidade, nisso persistem ícones que aludem ao passado e ao presente. As escolhas do diretor ao designar o significado simbólico de imagens ou formas representadas na pintura, literatura, cinema e vídeo, ao mesmo tempo identifica, descreve, classifica e interpreta o tema de forma figurativa. Diante disso, a iconografia do inferno refere-se especialmente ao significado simbólico de imagens inseridas neste contexto. O grupo temático escolhido pelo diretor e produtor, contrapõe os temas e mensagens em conflito com forma e significado.

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“A PEDRA DO REINO” E A TRADUÇÃO-POÉTICA
por Deise Ellen Piatti

ResumoEste estudo contempla uma interpretação acerca da recriação que o diretor Luiz Fernando Carvalho fez da obra “A pedra do reino”, de Ariano Suassuna, para a televisão. O processo de tradução do romance primou pela produção de imagens de luz e movimento como veículo de elevação espiritual. Este efeito é obtido por meio da construção de séries descontinuas de imagens que surgem como expressão concentrada da visão poética do diretor. A montagem de “A pedra do reino” constitui uma radical destruição do espaço-tempo contínuo, do espetáculo claro e dotado de fotografias nítidas. É apresentando imagens com seus movimentos rápidos e irregulares feitos com a câmera na mão, apresentando uma 'revolta' estética canalizada pela destruição do espelho que o diretor constroe fatores que perturbam a fruição das imagens. Também a narração circular, que possibilita o diálogo entre os quatro diferentes tempos apresentados pelo narrador-personagem no romance, é transposta para a câmera, que passa a narrar dispersivamente as memórias que surgem enquanto fluxo da consciência deste narrador. Vemos nesta pesquisa que tal qual o “cinema expressionista”, Carvalho privilegia em “A pedra do reino” o movimento de expressão do corpo extra-cotidiano, a expressão nua da interioridade e da comunhão por meio do êxtase.

C o-autor: Acir Dias da Silva (UNIOESTE)

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"Final feliz" das telenovelas: o uso do melodrama como produto ideológico e normativo
por Dilma Beatriz Juliano

Resumo
Os índices melodramáticos mais significativos da cultura de massa podem ser identificados nos finais das telenovelas. A forma do melodrama tanto pode atender à chamada “identificação do público médio”, quanto fazer superexposição de sentimentos mostrando a artificialidade da felicidade, correspondendo nesse sentido à exuberância realçada nas sociedades do espetáculo. A “abertura” das narrativas de televisão às diferenças de sexualidade, por exemplo – relações homoeróticas, sexo descomprometido com o casamento, e outras –, parece que não passa de arranjo discursivo que corresponde a uma falsa aceitação das liberdades individuais, quando ao final das telenovelas o que assistimos é um retorno modelar à felicidade prescrita pelas normas sociais – pelo arranjo do casamento, restabelecendo a norma ideológica da família como “célula mater” da sociedade. O “final feliz” tem, assim, correspondido aos modelos românticos, que apaziguam pelo reconhecimento da identidade normativa tradicional. Pela indústria televisiva, a felicidade vem enlatada (como goiabada); ligado o aparelho (ou aberta a lata) cumpre-se a promessa do doce prazer. E, por isso, opera-se a “mágica” de reinvestimento mítico na televisão – lucro garantido pela felicidade apaziguadora fornecida a cada final de telenovela.

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O romance na mídia: leituras do Memorial de Maria Moura
por Elzira Perpetua

Resumo
Pretende-se apresentar um estudo sobre o DVD gerado da minissérie Memorial de Maria Moura, a partir da leitura do romance de Rachel de Queiroz , amparados na Estética da Recepção notadamente nas concepções sobre os efeitos de leitura, a partir de Jauss e Iser. Esse estudo se baseia no entendimento do texto como um tecido, na acepção barthesiana do termo, mas também, como algo que se refaz continuamente, portanto, como um processo inacabado, no tempo e no espaço, e mutável por seu efeito sobre o leitor, cuja leitura pode, ao recriar o texto, transformá-lo. Como resultado da dinâmica interação texto-leitor, o romance de Rachel de Queiroz abre-se em variadas possibilidades de novas tessituras, algumas das quais se projeta no DVD Memorial de Maria Moura. A versão, compilada da minissérie homônima, se dá, portanto, como um resultado sobre determinado leitor, que, provocado a preencher a leitura do texto e a apreciação da minissérie com suas projeções e representações, leva em conta exigências do âmbito da recepção da linguagem midiática e suas implicações de aceitação no mercado.

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Intersecções da linguagem: literatura e documentário na televisão
por Hertez Wendel de Camargo

Resumo
Produzido pela TV Globo, o programa “Cena Aberta”, exibido entre novembro e dezembro de 2003, apresentou aos telespectadores a adaptação televisiva de três obras literárias brasileiras e uma estrangeira, em quatro episódios. Sua proposta, diferente dos formatos mais comuns da teledramaturgia brasileira, criou interfaces entre literatura, documentário e dramaturgia. No programa, os bastidores e as cenas se misturam, dando nova dimensão às apreensões das obras em questão – “A Hora da Estrela” (Clarice Lispector), “Negro Bonifácio” (Simões Lopes Neto), “A Ópera de Sabão” (Marcos Rey) e “As Três Palavras Divinas” (Leon Tolstoi). Basicamente, o programa oferece uma história ficcional ao mesmo tempo em que exibe ao telespectador a construção do vídeo em tempos distintos, mas que se interpenetram: o tempo da obra literária, o tempo do documentário e o tempo da televisão. Essa comunicação objetiva discutir o tempo como tessitura da narrativa estético-visual da linguagem televisiva e suas intersecções com a cultura.

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Paraísos: infernos brasileiros.
por José Manuel Teixeira Castrillon

Resumo
Desde o início da civilização ocidental, partindo do Empíreo e do Éden, a humanidade produz constantemente seus paraísos. A partir do Humanismo, do Iluminismo e da laicização que se intensifica ao final do século XIX, procura-se um céu na terra e muitos, de diversas maneiras, são os que se empenham em vender esse sonho. A literatura brasileira abriga um vasto repertório de textos que se articulam com essa demanda. No século XX tivemos a confirmação de que o positivismo cientificista e seu progresso não conduziriam a refrigério algum. As duas guerras mundiais e a guerra fria deram um tom plúmbeo à época. Se alguma esperança de mudança pode ser tentada nos anos sessenta e setenta, o racionalismo econômico e a luta por mercados cada vez mais competitivos estabeleceram diretrizes incontornáveis. Esse contexto cria um ambiente favorável a discursos que desmontem e corroam a imagem ufanista de um Brasil paradisíaco. Por razões históricas e urbanísticas o bairro de Copacabana se presta modelarmente a ilustrar esse percurso. É esse processo que investigamos em Ô Copacabana, reportagem lírica de João Antônio e na telenovela Paraíso Tropical, cujo autor principal é Gilberto Braga.

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A FLOR DO MEU SEGREDO: MAPAS DE LEITURAS
por LOURDES KAMINSKI ALVES

Resumo
Estudo de A Flor do meu Segredo (1995) de Pedro Almodóvar, sob o enfoque comparatista em que será tomado o texto editado por Campo das Letras, Editores, S.A, Porto em 1996 e o filme com atuação de Marisa Paredes e Rossy de Palma, em 1995. O texto pode ser compreendido como modelização do mundo, se indagarmos sobre as relações entre o texto e a realidade. O filme, igualmente, pode ser compreendido nesta dimensão de modelização do mundo ao indagarmos sobre o tipo de representação, se mimética ou expressiva. Nesta perspectiva, é possível observar as relações com o argumento ou com o ponto de partida que dá origem ao argumento e verificar a relação poética, gênero e estatuto do texto e o seu lugar como objeto de cultura.

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A releitura paródica do poema O Corvo de Edgar Allan Poe em Os Simpsons
por Olívia Ribas de Farias

Resumo
Este artigo se propõe a refletir sobre conceitos relacionados à intertextualidade e paródia, mostrando que o processo de recriação pode permear várias linguagens. O trabalho tem como objetivo analisar a recriação do poema O Corvo do escritor americano Edgar Allan Poe (1809-1849) para o episódio No dia das Bruxas I (1990) da serie de animação Os Simpsons e como a televisão dá acesso a obras canônicas, de uma maneira divertida, cômica e irreverente.

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Você assiste à novela das 8?
por Pina Maria Arnoldi Coco

Resumo
Aparentemente, "literatura", ligada à produção intelectual e artística, e "televisão", associada à cultura de massa descartável, não se encontram. No entanto, nossa maior produção televisiva é ficcional, a telenovela, não por acaso também cunhada de "folhetim eletrônico". Propõe-se a analisar como se dá esse encontro, bem como suas possíveis conseqüências.

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A literatura infantil na TV: os casos de Monteiro Lobato e Ziraldo
por Raquel Beatriz J. Guimarães

Resumo
Este trabalho pretende discutir as formas adquiridas pelas obras literárias de Monteiro Lobato, em especial Reinações de Narizinho, e de Ziraldo, particularmente o livro Menino Maluquinho, nos seriados da TV intitulados Sítio do Pica-pau amarelo e Menino Maluquinho, veiculados na Rede Globo e na TV Brasil, respectivamente. O trabalho comparativo que se pretende realizar tomará como corpus para análise a fita de vídeo intitulada “No reino das águas claras”, que reúne um conjunto de episódios do programa Sítio do Picapau Amarelo, e vários programas intitulados “Menino Maluquinho” gravados durante a exibição do programa na TV Brasil. Nossa intenção é explicitar os processos de leitura utilizados pelos roteiristas, atores e diretores ao criarem seus personagens e ao construírem os tempos e os espaços ficcionais. A análise será feita a partir de teorias sobre a leitura e sobre o leitor.

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O vai-e-volta decifrador da adaptação do “Romance d’a pedra do reino” da narrativa literária à televisual
por Renato França

Resumo
A adaptação do “Romance d’a pedra do reino”, de Ariano Suassuna, para a microssérie “A pedra do reino”, produzida pela TV Globo, em 2007, com roteiro e direção de Luiz Fernando Carvalho, resultou em baixo índice de audiência e numa reação quase generalizada da crítica especializada, que apontou como hermética e de difícil recepção pelo público telespectador a transposição narrativa exibida. Apontou mas não debateu com profundidade. Por detrás da aparência de objetividade destes resultados, é possível depreender e dar a conhecer inúmeros aspectos práticos e conceituais acerca do processo da adaptação do literário para o televisual, das características e potenciais de recepção da mídia televisual, das fronteiras objetivas entre arte e espetáculo, do significado social da prática da formação de público e dos condicionantes de valor cultural que podem ser gerados pela absorção de conteúdos literários pela televisão a pela valorização da adoção de formatos seriais de curta duração. Essas, entre outras, são algumas das questões que a comunicação aqui proposta tenciona levantar, apontar, debater e, dentro do factível, elucidar.

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Nelson Rodrigues é Fantástico: Do folhetim para as noites de domingo. De frente para a tevê vendo A vida como ela é...
por Rodrigo Alexandre de Carvalho Xavier

Resumo
Maldito, anjo pornográfico, reacionário? Estes tantos famigerados adjetivos renderam a Nelson Rodrigues a nada confortável posição de escritor tratado com preconceito pela crítica literária canônica. Seus escritos, sejam eles dramatúrgicos ou folhetinescos sempre geraram nos leitores opiniões divergentes e paradoxais, sobretudoentre as décadas de 1950 e 1980. Todavia, a Rede Globo de Televisão retoma parte da produção do escritor lançada em estilo folhetim intitulada A vida como ela é... justificando sua produção como uma espécie de homenagem ao gênio de Nelson Rodrigues. Nesse mesmo modelo, produz ainda uma versão em minissérie do “romance” Asfalto Selvagem”. Este breve ensaio pretende analisar de que maneiras e modos a leitura televisiva da obra de Nelson mantém os aspectos estéticos da narrativa rodrigueana, sobretudo o melodrama em uma forma estilizada de produção, que remonta ao quadro representativo das primeiras telenovelas, mantendo ou despertando assim o interesse do leitor/espectador nas relações entre a literatura e as suas representações midiáticas. Propõe-se ainda este a discutir a relação desta produção “fílmica” e a literatura, e o processo de transformação da linguagem, antes literário-jornalística, agora semiótica e imagética como elemento transfigurador da mímesis moderna e pós-moderna.

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DAS PALAVRAS PARA A TELA - A ESPACIALIDADE EM “GRANDE SERTÃO: VEREDAS”
por VERA LOPES DA SILVA

Resumo
As adaptações de obras literárias para a linguagem televisiva promovem alterações que, criando imagens e subjugando o público a elas, transformam o funcionamento das categorias narrativas, tendo em vista a relação entre elas e as técnicas de produção de imagens. Pretende-se, neste trabalho, estudar como se processam essas transformações, especialmente na relação entre a obra literária “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e a adaptação homônima, realizada pela Rede Globo, em uma minissérie exibida no ano de 1985, escrita por Walter George Durst e dirigida por Walter Avancini, com Tony Ramos no papel de Riobaldo e Bruna Lombardi no papel de Diadorim. Nesse estudo, estará em foco o modo como essas mudanças alteram o caráter e a concepção de espaço, na literatura, presa ao discurso verbal, movimentada segundo o interesse da voz narrativa. Diante das câmeras, porém, essa categoria deixa de ser objeto capturado pela palavra, e descorporificada textualmente, passa a constituir-se em uma montagem simultânea, contígua, materializada na imagem. As mudanças espaciais, passam a ser configuradas por um recorte, por um movimento de câmera, não mais de palavra.

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