As primeiras relações entre os signos das artes literárias com os das artes plásticas se deu a partir do ut pictura poesis, da Ars poética de Horácio em que o filósofo afirma que tanto a poesia quanto a pintura criam imagens e incitam a essencialidade do olhar. Nessa perspectiva e considerando campos expressivos, a priori, de natureza distinta, esta comunicação se propõe, respaldada nas tríades peircianas, a procurar as inter-relações entre o verbo e a imagem com o propósito de apontar traços homólogos da obra literária de Bernardo Élis – cujo corpus de análise será sua prosa curta, especificamente André Louco, com a obra pictórica de El Greco, especificamente, Laocöonte. As referidas aproximações serão verificadas sobremaneira no tocante à visão de mundo e à concepção dos construtos de ambos os textos, demonstrando características que aproximam esses dois expoentes da poética maneirista. Assim, o processo de investigação se baseia na hipótese de que por intermédio de cosmovisões semelhantes, as obras de arte independentemente do tempo ou do espaço em que se forjaram podem expressar, através de linguagens de meio e modos díspares traduções afins. Seguindo tal raciocínio, demonstraremos a presença de elementos estéticos de caráter maneirista tanto na literatura de Bernardo Élis quanto na pintura de El Grego que permitem as inter-relações entre a linguagem de ambos.
Palavras-chave: Bernardo Élis. El Greco. Maneirismo.