Partindo de uma prática de leitura que coloca em relação dialógica o ensino de literatura e o de história na abordagem de textos contemporâneos, pretendemos abordar estratégias de construção de discurso contra-hegemônico provocadas pela obra de Rubem Fonseca. Essa provocação proporciona um caminho de análise da recepção crítica de romances e contos de Rubem Fonseca que transitam na construção de imagens da História, considerando os movimentos da sociedade com os quais dialogam essas obras. Nesse sentido, consideramos a obra literária na interação com o seu tempo e espaço – o cronotopo, na definição de Mikhail Bakhtin, como “a interligação fundamental das relações temporais e espaciais, artisticamente assimiladas em literatura” (BAKHTIN, 1993) – na recepção contemporânea do escritor e de seu tempo histórico, e na interação com os jovens leitores de outra temporalidade, nesses velozes tempos de internet em que dez anos configuram um suficiente distanciamento crítico do momento histórico da escrita. Para o escopo deste artigo, trabalhamos com o romance Agosto (FONSECA, 1990) e com os contos “Passeio noturno (Parte I)”, “Passeio Noturno (Parte II) e “Feliz Ano Novo” (FONSECA, 1989).
Palavras-chave: Leitura Literária. Rubem Fonseca. Bakhtin. Contra-hegemonia. História. Ensino de Literatura.