Com ênfase principal nos efeitos dos entrelaçamentos entre intertextualidade e paródia e na consequente narrativa de disrupção e afastamento das temáticas e formas mais tradicionais de se conceber o gênero literário "romance", que Wise Children da escritora inglesa contemporânea Angela Carter apresenta, pretende-se fazer com este trabalho uma série de reflexões acerca da diversidade dos papéis dialógicos intertextuais e parodísticos que os textos ficcionais mantêm entre si, para a reconfiguração de temáticas, o desafio ao cânone literário tradicional e a desestabilização das conceituações mais ortodoxas que sempre se cristalizaram em torno da conceituação de "romance". Com o concurso das concepções sobre intertextualidade e paródia que teóricos como Julia Kristeva, Roland Barthes, Gérard Genette, Linda Hutcheon, dentre outros/as, oferecem, intenta-se compreender algumas das contribuições que esses recursos narrativos oferecem para a reconsideração e a problematização do próprio romance como gênero literário polifônico e propugnador de temáticas inusitadas, de instituição de vozes marginalizadas e antes silenciadas e de potencialidades desafiadoras da hegemonia patriarcal sobre a narrativa, as temáticas e as formas de se conceituar “romance”. Nesse sentido, também se apreciarão, em consequência, os resultados que o deslocamento da hegemonia androcêntrica patriarcal acarretará nas temáticas, nos traços da narrativa e nas formas de desconstrução de “romance”, graças às contribuições de aspectos relevantes das teorias feministas.