A partir da experiência com oficinas literárias desenvolvidas no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, com alunos do ensino médio, esta comunicação se propõe a pensar o lugar da literatura no currículo da escola básica, considerando-se as contribuições da Teoria Literária no tensionamento dos discursos hegemônicos. Assim, será considerada a reflexão de Tzvetan Todorov acerca do ensino de literatura, atentando-se para a dificuldade em aplicar tais reflexões à realidade brasileira. Se, no contexto francês, cabe a crítica de Todorov a uma teoria que se evidencia demasiado no ensino da literatura em escolas, parece-nos que no contexto brasileiro o intuito de transformar a teoria numa "ferramenta invisível" já ocorre, mas com base na tradição crítica constituída a partir das reflexões de Antonio Candido e sua institucionalização em universidades brasileiras e, em consequência, na formação dos professores e na produção dos livros didáticos. A nossa hipótese é de que é nessa dificuldade de transpor as reflexões de Todorov ao contexto brasileiro que reside o campo de reflexão teórica dedicado ao ensino da literatura no Brasil, marcado, por um lado, pela reflexão de Antonio Candido com base na categoria dos direitos humanos, e por outro pelas diversas teorias da Linguística Textual que embasam os documentos oficiais acerca do ensino da literatura nas escolas, a exemplo dos Parâmetros Curriculares Nacionais. É necessário empreender uma crítica a tais discursos caso se deseje lidar com a literatura no ensino básico como uma força de constituição subjetiva dos alunos.