Este trabalho se propõe a correlacionar literatura e melancolia a partir da escritura de Cyro dos Anjos (1906-1994) na obra O amanuense Belmiro (1937), tendo como objetivo principal analisar como alguns aspectos da melancolia perpassam toda a narrativa desse livro ímpar no panorama literário brasileiro. Trata-se de uma obra atípica dentro da ficção da década de 1930 por ser uma voz dissonante comparada às produções regionais e sociais da época. Sua temática aborda a relação do homem com a vida; o presente e o passado; o amor e as frustrações e o herói em busca de si. Belmiro Borba, narrador-personagem, é um homem sentimental e tolhido pelo excesso de vida interior, que resolve escrever um livro e assim registrar no papel suas histórias, lembranças, sentimentos, meditações e ilusões. Nessa perspectiva, este estudo visa trazer à tona questões relacionadas à estética da melancolia, principalmente, sua relação com o processo criativo; existente na escritura belmiriana em seu fazer literário. Ao longo de nossa abordagem, recorreremos aos estudos realizados por Aristóteles (1998), Benjamin (2011), Kristeva (1989), Lambotte (2000), entre outros teóricos para articular pontos pertinentes à melancolia, à subjetividade e à criação artística/literária como fuga e refúgio do narrador-personagem, Belmiro Borba.
Palavras-chave: Literatura brasileira. Década de 1930. Cyro dos Anjos. O amanuense Belmiro. Estética da melancolia.