Durante a segunda metade do século XX, os artistas nordestinos procuraram acompanhar os movimentos vanguardistas oriundos das inovações das formas poéticas que aconteciam principalmente no Sudeste do país e, dessa forma, buscaram também consolidar a região como um dos centros de desenvolvimento da poesia de vanguarda. Alguns poetas cearenses, por exemplo, participaram ativamente do movimento de poesia concreta dos anos 50, tendo como principais representantes José Alcides Pinto, Antônio Girão Barroso, Pedro Henrique Saraiva Leão, Horácio Dídimo, entre outros. Neste trabalho, procuraremos mostrar como os poetas do Rio Grande do Norte se inseriram neste contexto de inovações poéticas. Em 1966, aconteceu a exposição “Dez Anos de Poesia Concreta” em Natal, comemorativa da I Exposição Nacional de Arte Concreta (MAM de São Paulo - 1956). Nesta exposição foram reapresentados poemas de Décio Pignatari, A. e H. Campos, Wlademir Dias-Pino, Ronaldo Azeredo, Edgar Braga, Osmar Dillon e José Lino Grunewald. Nesta edição foram lançados os poetas do Rio Grande do Norte: Nei Leandro de Castro, Dailor Varela, Luiz Carlos Guimarães, João Bosco de Almeida, Anchieta Fernandes e o critico Moacy Cirne. Um ano depois, em 11 de dezembro de 1967, simultaneamente com o Rio de Janeiro, acontecia em Natal a primeira exposição do Poema/Processo. Essa nova vertente da vanguarda poética tinha suas bases teóricas alicerçadas nos poemas espaciais de Wlademir Dias-Pino, “Ave” e “Sólida”, que já participara, 10 anos antes, do movimento da Poesia Concreta, ao lado de Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo, José Lino Grunewald, dentre outros. Nesse contexto, será investigado através da análise de poemas, entrevistas, debates e manifestos como se deu a transição do Concretismo para o Poema-Processo no estado do Rio Grande do Norte.