Os finais do século XIX e o século XX configuram-se como um tempo que se converteu na sequência de instantes fragmentados. Diante de uma realidade moderna e fragmentada, a linguagem literária também se fragmentou e, nesse contexto, a linguagem fotográfica tem a oferecer o seu caráter de captura, de tomada da realidade instantânea. Partindo-se de uma aproximação do automatismo e da liberdade propostas pelo Surrealismo e a técnica da fotografia, não é forçoso sugerir a relação entre a estética da liberdade, do inconsciente e do automatismo e a arte fotográfica, sendo a fotografia uma possibilidade de realização do instantâneo, do espontâneo poético sugerido pelo movimento surrealista. Assim, este trabalho propõe discutir a relevância e a significação da inserção da fotografia na composição literária e analisar seus significados e implicações no movimento surrealista. Para isso, o trabalho parte de reflexões sobre a obra surrealista Nadja, de André Breton, romance em cuja composição inovadora consta a inserção do recurso fotográfico, mas no qual a representação da fotografia ultrapassa o caráter de ilustração. Busca-se, portanto, analisar as relações entre o princípio fotográfico e os propósitos surrealistas, sobretudo a partir da leitura dessa obra literária, bem como trazer análises do papel de relevância que fora dado pelo movimento surrealista à arte fotográfica.
Palavras-chave: Literatura. Fotografia. Surrealismo. Nadja.