A comunicação propõe um recorte da produção plástica do escritor e artista plástico Nuno Ramos (1960), buscando trabalhar a partir da ideia de atravessamentos. Seguindo esse viés, acompanha a continuidade de traços de um modo de trabalho formal ressaltado ao longo da fortuna crítica do artista, a saber, o agenciamento de heterogeneidades em tensão, visando desdobrar algumas consequências abertas por essa diretriz interpretativa. Mais especificamente, delineia um traçado de atravessamentos que constituiria um campo comum que compreenderia modos de agenciamento das relações entre materialidades, entre trabalho de linguagem e manipulação da concretude plástica, em como entre o matérico e o simbólico. Como ponto de chegada e de síntese do percurso realizado a partir desse recorte, realiza uma leitura de Vai, vai (2006), trabalho de relevo em um conjunto de experimentações realizadas por Ramos com o cruzamento entre estruturações materiais-espaciais e o uso de textos vocalizados. É desse modo que conclui esboçando uma problemática de atravessamentos entre fala e materialidade da fala, corpo e voz, que, nessa região da poética do artista, implicaria rendimentos singulares no que toca à elaboração artística da constituição do comum e a estratégias de inscrição em uma discursividade do Brasil.
Palavras-chave: Nuno Ramos. Artes plásticas. Contemporâneo.