Em sua performance rapsódica, a intérprete Maria Bethânia canta acerca de muitos
lugares sagrados para as religiões afro-brasileiras. A performance rapsódica seria aquela que se
caracteriza pela construção teatral e por uma dramaturgia pensada a partir de fragmentos e
textos literários. A performance da intérprete configurar-se-ia como uma ponte entre o ofício
dos rapsodos antigos e o teatro contemporâneo, o que geraria um alto grau de poeticidade e uma
pulsão rapsódica, sintetizadas por fragmentações e “costuras” que formariam tramas de uma
dramaturgia intertextual que transita entre a literatura canônica e a oralidade. “Costuras” estas
que colocam em evidência uma espacialidade sagrada intrinsecamente brasileira: o mar, as
matas, o rio, o terreiro, as cachoeiras, as pedreiras, os quintais, que se associam com as
divindades (orixás) do candomblé.
Palavras-chave: Maria Bethânia; espaço sagrado; religiões afro-brasileiras; performance;