A crítica e a historiografia literárias brasileiras, ao examinarem narrativas que tematizam
movimentos messiânicos, atêm-se mais à documentação de tais organizações socio-religiosas do que aos
recursos formais e estéticos utilizados pelos autores. As análises dos recorrentes eventos sobrenaturais e das
descrições lúgubres dos rituais místico-religiosos não costumam, pois, apreender o seu potencial estético e
sua possível relação com a poética gótica. Tencionando preencher tal lacuna, pretende-se averiguar técnicas
ficcionais do Gótico – sobretudo a conformação de loci horribiles e de personagens monstruosas –
manejadas por Afonso Arinos em Os Jagunços: novela sertaneja (1898) e por Euclides da Cunha em Os
Sertões (1902).
Palavras-chave: Poética gótica; Literatura brasileira; Guerra de Canudos; Afonso Arinos; Euclides da Cunha.