O presente trabalho objetiva, sob a luz do propósito crítico da metalinguagem poética, considerando a conjugação essencial entre poesia e filosofia, (re)conhecer, investigar, e, assim, até certo ponto, esclarecer a dimensão lírica da palavra na poesia de Arnaldo Antunes, em especial no livro n.d.a. Sobre esta dimensão lírica, pretende-se, assim, elaborar/desenvolver uma reflexão que leve em conta a sua concepção diacrônica - tendo em vista, a acepção comumente feita ao conceito de que a poesia lírica é aquela na qual o poeta se expressa, considerando, assim, a sua força de expressão poética sob a égide da emoção e do subjetivismo. A partir desta perspectiva, devemos aqui re-considerar a dimensão lírica de que o subjetivismo está calcado nas exclamações emocionais do ser para daí, então, desenharmos uma reflexão mais filosófica na qual os dilemas, os dramas existenciais já são, de certa forma, superados, a configurarem, portanto, uma individualidade que não se expressa por intermédio da língua, mas, já e diretamente, na e pela lingua(gem). Ao pensar, então, sobre a dimensão lírica da palavra na poesia de Arnaldo Antunes, temos aí, inicialmente, algumas questões basilares a serem estudadas com seu devido cuidado para que assim possamos tratar do tema proposto. Dentre outras, destaquemos, então: como estudar a relação entre lírica e metalinguagem na poesia de Arnaldo? Quais são seus reflexos para o desdobramento de sua poética? E o que é linguagem? O que é (isso) poesia? Para tratarmos destas perguntas, opta-se, nesse caso, por traçar um painel de referências que será formado por três escopos básicos - poético, filosófico, e teórico - que contará com autores como Mallarmé, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Deleuze e Heidegger. Esses grupos de referência nos auxiliarão na construção de uma esteira reflexiva para que, assim, possamos tratar da dimensão lírica da palavra na poesia de Arnaldo Antunes, tendo, como perspectiva, a linguagem e a poiesis como elementos essenciais para tal estudo. Estudar os fundamentos, motivações e relação entre o lirismo e a (meta)linguagem na poesia de Arnaldo Antunes, é, portanto, uma maneira de avaliarmos e levarmos em conta o papel da sua singularidade e implicações na poesia brasileira e no seu contexto sócio-cultural, uma vez que, aqui, a palavra, enquanto refúgio essencial do ser, ou melhor, do ser humano, encontra na poesia o seu sentido de ainda (des)velar o real, traçando, assim, um horizonte de possibilidades a (de)limitar o que a poiesis tem a dizer, ou, até mesmo, (des)dizer no mundo contemporâneo. Com isso, objetiva-se, também, intensificar os estudos acerca da linguagem - considerando a relação primordial entre a poesia e filosofia.