Esta comunicação busca revisitar parte do processo criativo do escritor italiano Luigi Pirandello - que ora sofreu influência do verismo, ora do decadentismo - evidenciando sua capacidade artística ao transitar por variados gêneros literários: lírico, narrativo e dramático e gêneros artísticos: teatro e cinema; entre o final do século XIX e início do século XX. Alguns ensaios do artista, a exemplo do L’umorismo e Arte e Ciência, também serão abordados no intuito de se fazer compreender melhor a dinâmica narrativa e amalgâmica que ocorre entre as suas obras. Num primeiro momento, pretendo fazer uma análise da produção literária de Luigi Pirandello, que inclui vários gêneros: o lírico, revelado pelas suas poesias juvenis; o narrativo, com suas novelas e romances e o dramático, através do seu teatro que o tornou popularmente e academicamente reconhecido. Evidenciarei , particularmente um aspecto recorrente na obra do escritor agrigentino: o fluxo de personagens de um gênero para outro. De fato, constata-se, ao analisar toda a obra literária pirandelliana, que nas próprias novelas já existe todo o aparato humano que, em sua vasta complexidade, sustenta a construção dos personagens e suas respectivas questões existenciais retratadas, posteriormente, em seu teatro. A diversificada atuação de Pirandello sobre questões de seu tempo, operando não somente como ficcionista, mas também como pensador e crítico de arte, também fará parte desta abordagem. No que diz respeito a Pirandello pensador, o ensaio sobre o “L’umorismo”, publicado em 1908 e revisitado e republicado em 1920 - que resume uma possível estética pirandelliana, contribuindo para uma melhor compreensão da dinâmica narrativa do autor - será bem apropriado no discurso. Nesse texto, Pirandello distingue o “cômico” do humorismo, definindo o primeiro como “percepção do contrário” e o segundo “sentimento do contrário”. Exemplificando: o “cômico” surge ao se perceber, superficialmente, o contraste entre a aparência e a realidade, isso provoca imediatamente o riso. O humorismo, ao invés, nasce de uma ponderada reflexão que vai além de uma superficial consideração da situação, provocando o “sentimento do contrário”, isto é, um sorriso de compreensão e de compaixão, que não se limita às aparências, mas reflete sobre a fragilidade humana e sobre as fraquezas que habitam cada um de nós. No segundo momento, pretendo destacar as ponderações de Pirandello sobre o cinema: o artista agrigentino, inicialmente, apesar de colaborar com a indústria cinematográfica, considera a ideia de cinema como arte incompatível com sua concepção de labore artístico. E para finalizar, apresentarei esta sua visão no livro Quaderni di Serafino Gubbio Operatore, traduzido para o português como “Caderno de Serafino Gubbio, o operador”, no qual, o autor, focaliza a relação homem-máquina, chegando à conclusão de que o homem, no momento em que sua imagem é capturada por ela, se transforma num ser sem vida, pois as imagens configuram-se num falso movimento, numa falsa percepção do real. Vale ressaltar que passados alguns anos, Pirandello, vencendo o estranhamento inicial sobre o cinema, se aproxima da sétima arte, aceitando-a como importante veículo propagador das artes em geral, dos seus romances e novelas e, sobretudo, do seu teatro com as adaptações cinematográficas de suas peças, portanto será sobre essa aceitação que concluirei o discurso, citando teóricos que consideram que essas relações artísticas são imprescindíveis tanto para a perpetuação de uma obra como para apresentar a multiplicidade de leituras tão comuns e tão aclamadas pela pós-modernidade.
Palavras-chave: LUIGI PIRANDELLO, TEATRO, REALISMO-NATURALISMO ( VERISMO ), CINEMA