GLEID ÂNGELA DOS ANJOS COSTA, TÉRCIA COSTA VALVERDE
Há tantas maneiras de captar o que se quer guardar na memória. As lentes da máquina de fotografia recortam apenas um fragmento da imensidão que são os seres e as coisas; as cartas guardam os sentimentos de quem as escreveu; as pinturas revelam as cores da inspiração do pintor. E a poesia? Esta guarda, como um bauzinho de lembranças, os mais singelos pensamentos e inquietudes do sujeito. O cenário da literatura brasileira é vasto e requer atenção especial nesse sentido, ainda mais com o advento da tecnologia que tornou a propagação da literatura mais eficaz na leitura dos clássicos e das narrativas modernas. Nesse panorama, a Literatura Regional é uma das vertentes que tentam sobreviver em meio às mudanças. A cidade torna-se o centro das produções literárias que transmitem o individualismo, os sentimentos oriundos das metrópoles, a crise do sujeito, a tecnologia, entre outros temas. Neste momento, a Literatura baiana ganha respeito por encontrar espaços neste novo cenário. Por esse motivo, escolhemos estudar a Literatura da região do cacau (ou Grapiúna), mais especificamente a obra do escritor sulbaiano Jorge Emílio Medauar, no intuito de apresentar um recorte da obra poética desse autor através da análise de dois poemas que “fotografam” a sua pequena cidade natal Água Preta – atual Uruçuca. Apesar de o autor mudar-se para Rio de Janeiro e depois para São Paulo, as lembranças da pequena cidade Água Preta sempre estavam efervescentes em sua memória e foram transformados em contos, poemas e sonetos, por isso, o presente trabalho busca apresentar algumas poesias que representam um pouco da escrita grapiúna através de poemas que são frutos das memórias de Medauar, como num álbum de retrato em forma de lirismo. Para isso, usaremos como corpus de análise desta pesquisa os poemas “Autobiografia” do livro Jorge Medauar em prosa e verso (2006) e “Sonêto” do livro Morada de paz (1949).Para isso, usaremos como corpus de análise os poemas “Autobiografia” do livro Jorge Medauar em prosa e verso (2006) e “Sonêto” do livro Morada de paz (1949). Situaremos neste trabalho, a poesia enquanto locus de memória e representação de ideias e nos basearemos na liberdade de recepção e compreensão de uma obra. O poeta pode deixar uma margem vazia para que o leitor se inspire e a complete, por isso, levamos em consideração o leitor como um coautor, o que nos dá margem para criarmos assertivas sobre a poesia medauariana. Além disso, o propósito aqui visa, também, propagar a beleza da escrita desse escritor, pouco conhecida nacionalmente. Nesse sentido, entende-se que uma obra não se torna clássica por sua fama, mas, pelo seu valor literário e sua contribuição para a história de um povo. Autores como Bakhtin (2003); Gomes (1994); Fonseca (2012); Le Goff (2003); Hall (1999); Paz (1982); Simões (1987), entre outros, subsidiarão a base teórica deste trabalho.
Palavras-chave: LITERATURA DO CACAU;, LITERATURA CONTEMPORÂNEA, POESIA;, JORGE MEDAUAR.