O corpo, lugar deslegitimado do saber, assume importância central no trabalho de artistas contemporâneos como a escritora Ana Cristina Cesar. No Brasil, década de 70, diferentes manifestações artísticas, incluindo-se a poesia marginal, assumem uma via contracultural ao integrar em suas práticas o corpo a corpo com o leitor/espectador. Nesse contexto, a obra A teus pés (1998), de Ana Cristina Cesar faz ver que o corpo que, como imagem, tanto deve às formas de representação, não significa mais um meio de reivindicar identidade (seja ela nacional, ou de gênero). Antes, no jogo com as formas arraigadas de representação do corpo feminino, presentes em gêneros discursivos considerados menores, a poesia de Cesar tentaria apresentar o corpo (contra)discursivamente. Em A teus pés (1998), entre o subjetivo e o objetivo, o corpo surge como potência de experimentação por meio da linguagem, tornando estreita a relação vida-literatura. Dessa forma, propomos, não investigar os segredos biográficos nos poemas de Ana Cristina Cesar, e sim reconhecer de que modo sua literatura “serve como instrumento para traçar linhas de vida” (DELEUZE; GUATTARI, 2009).
Palavras-chave: Ana Cristina Cesar. Linhas de vida. Corpo.