Apresentação

        É com grande satisfação que, quando nossa Entidade completa 25 anos de fundação, apresentamos os Anais do XII CONGRESSO INTERNACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA, cujo tema geral - "Centro, centros" - delineou-se já no XII Encontro, que se deu em 2010, agora acrescido do complemento - " ética, estética".

        Desde o início dos anos 90 do século passado, a nossa área de investigação está afetada por desconfiança, de natureza ética, que nos levou a questionar tanto seu objeto - a literatura - quanto alguns de seus pressupostos básicos: a centralidade do estético e o princípio de nacionalidade. Na primeira década do século XXI, no entanto, revisitamos, sob outras perspectivas, esse mesmo objeto e conceitos próximos ou aparentados àqueles que pareciam descartados.

Sem abrir mão das desconfianças, por um lado, e, por outro, tirando partido do lugar que o Brasil ocupa, e ainda mais, que o Paraná e seus espaços acadêmicos ocupam no cenário das Letras, o momento nos pareceu propício para discutir o retorno - ou não - da centralidade dos Estudos Literários para a Literatura Comparada, bem como o papel das teorias nesse contexto, além da própria lógica centro-periferia. Nossa abordagem amadureceu nas discussões levadas a efeito no         Encontro do ano de 2010, e no XII Congresso atualizamos, num mesmo movimento, o centro e os centros, o ético e o estético.

Nossa proposta encontrou eco entre pesquisadores de variadas tendências, aos quais agradecemos pela acolhida de nosso convite. Agradecemos também a todos aqueles que se dispuseram a organizar simpósios, e ainda aos colegas participantes dos simpósios, bem como a todos os que se inscreveram para acompanhar as discussões. Totalizamos 1230 inscrições.

        Nossos agradecimentos estendem-se à Universidade Federal do Paraná, à Reitoria, em particular na figura de seu vice-reitor, à Pró-reitoria de Administração, à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação e à Direção do SCHLA, que nos emprestaram apoio logístico e financeiro desde o início dos trabalhos de preparação do evento e, muito particularmente, diante da situação mais recente, com a greve do corpo técnico-administrativo, que afeta a todas as Universidades Federais. Sem o empenho efetivo destas Unidades, e de seus responsáveis máximos esse evento não teria sido possível. A Universidade Estadual de Londrina e a Universidade Estadual de Ponta Grossa também se fizeram presentes nesta empreitada, com docentes de seus quadros em cargos da Diretoria da ABRALIC e, no caso da última, facilitando-nos o acesso ao apoio da Fundação Araucária, Agência de Fomento estadual que, juntamente com as Agências Nacionais CNPq e CAPES, ofereceram aportes financeiros que bastante contribuíram nesta organização. Registramos ainda o apoio obtido junto à Fundação Alexander von Humboldt e ao Centro de Cooperação Internacional Brasil-Alemanha. A disposição e o trabalho de estudantes de graduação e de pós-graduação, desta Universidade e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná somos também muito gratos. É preciso registrar ainda o imprescindível apoio que a diretoria que nos antecedeu nunca regateou, sobretudo na boa disposição com que as colegas Sandra Nitrini e a Helena Bonito Couto Pereira sempre demonstraram, nas tantas dúvidas que nos assaltaram e nos momentos de indecisão que nos afligiram.

        Foi preciso construir, para nós mesmos, uma concepção de associação científica e elaborar um modo de dirigi-la. Havia a experiência acumulada, ao longo de mais de duas décadas de existência da ABRALIC, e havia ainda o ajuste de rumos, necessidade sempre presente, mas mais premente em datas comemorativas. Em 25 anos, a comunidade se modificou, as necessidades da sociedade já não são as mesmas, as exigências do mundo acadêmico se alteraram, os modos de relação e interação ganharam novas dimensões. Obviamente a ABRALIC não se manteve à margem dessa trajetória. A atuação dos dirigentes que nos antecederam demonstra que sempre se esteve atento ao percurso. No período de delineamento da Associação, impunha-se o reconhecimento de sua existência. Na sequência, era a representatividade que estava em questão. Em um caso como em outro, a proposta era dar vulto às ações da Associação. O que sempre se conseguiu, fosse como objetivo consciente, fosse como conseqüência de uma conjugação de fatores, sem prejuízo de outros resultados, foi a ampliação do número de participantes do Congresso Internacional. Na altura em que nós nos engajamos nesse processo a ponto de nossas opções serem decisivas, a urgência era recuperar uma dimensão administrável. Esse diagnóstico foi estabelecido no Congresso Internacional de 2008, em São Paulo, e o protocolo de tratamento discutido no Encontro do ano passado. Desde a organização desse a atual diretoria já assumiu que o Encontro intermediário voltaria às dimensões de seus objetivos iniciais, ou seja, a preparação da temática do Congresso Internacional, e não outro evento com dimensões de Congresso, ação necessária em outro momento por razões já superadas. Dedicamos duas sessões desse Encontro ao que chamamos, à falta de melhor denominação, mesas administrativas. Expuseram-se e examinaram-se posições diametralmente opostas e suas variações, como a criação de nova associação - que em alguns momento ganhou até sigla, a ABRALIT - quem sabe a divisão, ou divisões, restringindo-se a ABRALIC a acolher aqueles que trabalham com Literatura Comparada no sentido tradicional. A opinião dominante - a manutenção da Associação Brasileira de Literatura Comparada com o perfil que apresenta no momento - teve duas ordens de sustentação: a tradição instaurada quando de sua criação mesma e o modo como se opera hoje nos Estudos Literários, marcados pela fluidez da fronteiras. Caberia encontrar outros modos de não perder o controle da entidade.

        Manter a progressão de crescimento dos eventos na proporção que vinha se dando, teria algumas conseqüências: a diretoria nunca poderia estar sediada em universidade de médio porte (em termos de dimensões físicas), essa tarefa ficando restrita a um círculo de Instituições muito pequeno; seria necessário despender sempre todos os esforços na organização dos congressos, dedicando-se pouca ou nenhuma atenção aos demais fins de uma associação acadêmica, como publicações e oferecimento de outras atividades, tais como cursos; finalmente, a certa altura não teríamos condições operacionais de organizar um congresso. Para dizer em uma palavra, a saída seria a terceirização.

        Não foi esse o rumo que escolhemos. Se em outros momentos era defensável uma espécie de ambição de totalidade, intentando reunir e dar espaço a todo tipo de manifestação e a todos os níveis, hoje os espaços se ampliaram, há eventos de variados perfis, passando-se por gama com variações de diferentes ordens, desde a festa literária até o simpósio realizado por Programas de Pós-graduação e mesmo de cursos de Graduação. Assim, podemos nos manter como espaço disponível para o diálogo amplo, mas em limites administráveis, sabendo-nos mais um entre outros, e portanto fiéis à nossa vocação, inaptos como promotores de mega-eventos e recusando-nos a desempenhar o papel de fábrica de certificados de participação em eventos. Reafirmamos nosso perfil acadêmico, buscando corresponder à vocação consignada em estatuto: "uma associação civil de caráter cultural, sem fins lucrativos, que congrega professores universitários, pesquisadores e estudiosos de Literatura Comparada."

        Dos 964 trabalhos que integraram a programação dos simpósios, estes Anais receberam para publicação 577 comunicações, todas elas efetivamente apresentadas por ocasião do evento e posteriormente remetidas a nós por seus autores. Como anunciado previamente, dada a natureza desta publicação, a Comissão Organizadora não procedeu a nenhuma revisão dos arquivos enviados, sendo o conteúdo de cada um deles de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

Diretoria da ABRALIC - Gestão 2009-2011