Da literatura ao cinema: discurso amazonialista em imagens sobre o mundo perdido

PÔSTER - XIX ENCONTRO ABRALIC

Ana Sara da Costa Ferreira

ORIENTAÇÃO: Raquel Alves Ishii

RESUMOS: Dos relatos de viagem aos romances, dos romances ao cinema, as imagens sobre um mundo perdido na Amazônia alimentam um discurso que atravessa diferentes períodos históricos e, assim, se repetem indefinidamente em diferentes espaços. O objetivo deste estudo é analisar as imagens sobre um mundo perdido presentes no romance The Lost World (1912) do escritor escocês Arthur Conan Doyle e nas obras cinematográficas The Lost World (1925), de Harry O. Hoyt, The Lost World (1960), de Irwin Allen e Jungle Cruise (2021), dirigido por Jaume Collet-Serra, e como elas se articulam em torno de um discurso amazonialista. O amazonialismo é caracterizado por um conjunto de narrativas que inventa, descreve, classifica e analisa, de forma supostamente objetiva, a “Amazônia” a partir do século XIX, produzindo um julgamento prévio que fabrica e cristaliza as imagens coloniais sobre a região, definindo-a como distante, atrasada e primitiva (Albuquerque, 2016). As obras em análise compartilham o enredo: cientistas que viajam à Amazônia com o objetivo de desvendar um mistério, de descobrir algo extraordinário, perdido na selva: no caso de Jungle Cruise, uma flor milagrosa, nos demais enredos, dinossauros vivos. Mais do que pensar a Amazônia como um lugar no espaço, a análise busca situá-la como uma categoria histórica (Pizarro, 2012; Hall, 2016), pensando-a como uma construção discursiva que evidencia como narrativas ocidentais sobre descobertas e exploração de um chamado Novo Mundo se articulam em torno da ideia de lugar primitivo e não civilizado, fixando imagens (Bhabha, 2005), congelando-as no tempo e no espaço como forma de sustentar um discurso colonial.

PALAVRAS-CHAVE: amazonialismo. discurso. cinema. literatura. mundo perdido.

REFERÊNCIAS: ALBUQUERQUE, Gerson Rodrigues de; SARRAF-PACHECO, Agenor. Uwa’kürü – dicionário analítico – volume 1. Rio Branco (AC): Nepan Editora, 2016. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B6Mwwo5mr7YbZWVUSnV6Ymh0cTQ/view. Acesso em: fev. 2021. BHABHA, Homi K. A outra questão: o estereótipo, a discriminação e o discurso do colonialismo. In: BHABHA, Homi K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, et al. Belo Horizonte, MG:UFMG, 2005. DOYLE, Arthur Conan. The Lost World. 1. ed. Reino Unido: Hodder & Stoughton, 1912. HALL, Stuart. O ocidente e o resto: discurso e poder. Trad. Carla D’elia. Projeto História, São Paulo, n. 56, Mai-Ago. 2016. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/30023. Acesso em: mar. 2024. PIZARRO, Ana. Amazônia: as vozes do rio: imaginário e modernização. Trad. Rômulo Monte Alto. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. JUNGLE CRUISE. Direção: Jaume Collet-Serra. Estados Unidos. Walt Disney Pictures, 2021 (128 minutos). THE LOST World. Direção: Irwin Allen. Estados Unidos. 20th Century Fox, 1960 (97 minutos). THE LOST World. Direção: Harry O. Hoyt . Estados Unidos. First National Pictures, 1925. (106 minutos).