Luanda: a cidade ensanguentada pelo fogo da invisibilidade social em Os transparentes, de Ondjaki

PÔSTER - XIX ENCONTRO ABRALIC

Jandira Francisco Domingos

ORIENTAÇÃO: Marcio Markendorf

RESUMOS: Este trabalho é fruto de uma pesquisa contínua sobre o romance Os Transparentes, do escritor angolano Ondjaki, que visa analisar o retrato social da cidade de Luanda, destacada na narrativa como a imagem ensanguentada pela invisibilidade social da extrema pobreza dos personagens do bairro periférico Maianga, em Luanda. A obra descreve relatos e dramas de moradores desse bairro periférico de Luanda, que contam suas estórias a partir da ótica crítica da fome e da pobreza, causada pelo cenário político caótico luandense. Este romance angolano, publicado em 2012, inaugura uma nova fase da escrita literária angolana pós-colonial e pós-independência, aquela que é atravessada pelos ecos dos conflitos civis que ocorreram no país, de 1975 a 2002. Isto é, com a independência de Angola proclamada em 1975, a literatura angolana também tomou para si o grande desafio de narrar, dentro de sua ótica literária, as formulações pós-coloniais, avanços e recuos do país, enquanto livre do jugo colonial português. Entretanto, após a independência, o país mergulhou em uma guerra civil, que dificultou o seu avanço, fazendo de Angola “uma Babilônia ingovernável, uma torre de Babel”, (Macedo, 2008), o que refletiu diretamente na escrita literária angolana, porque, evidenciou, nas suas entrelinhas literárias, os males desses conflitos, que resultaram na pobreza extrema, fome e na penúria social, principalmente de zonas periféricas do país. Portanto, esta obra de Ondjaki traz a descrição do mais alto nível da penúria social que molda Luanda, que é decorrente desses processos históricos e da (des)governação do país. Metodologicamente, esta pesquisa está fundamentada em trabalhos de Chaves (1999), Ervedosa (1963), Fanon (2008), Hall (2006), Leite (2003) Macedo (2008), Mata (2001) Secco (2008), Spivak (2010), etc, os quais nos auxiliam a analisar e compreender, através da obra de Ondjaki, os dramas sociais e estórias de personagens subalternizados da narrativa deste grande romance.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura angolana; Luanda; invisibilidade social; Os Transparentes; Ondjaki

REFERÊNCIAS: CHAVES, Rita. A formação do romance angolano. Col. Via Atlântica, n.1, São Paulo, 1999. ERVEDOSA, Carlos. A Literatura Angolana. 1.a Edição: Casa dos Estudantes do Império. Série Ensaio. Lisboa 1963. FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. LEITE, Ana Mafalda. Literaturas Africanas e Formulações Pós-Coloniais. Lisboa. Ed. Colibri, 2003. MACEDO, Tania. Luanda, cidade Literatura. São Paulo: Editora UNESP; Luanda (Angola): Nzila, 2008. MATA, Inocência. Representação satírica do real na literatura angolana. In: Literatura angolana: silêncio e falas de uma voz inquieta. Luanda: Ed. Kilombelombe, 2001, p. 145-158. ONDJAKI. Os Transparentes. 1ªed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. SECCO, Carmem Lucia Tindó. Por entre memórias e silêncios: representações literárias das guerras em Angola e Moçambique. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 12, n. 23, p. 13-25, 2º sem. 2008. SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? 1. ed. Trad. Sandra Regina Goulart Almeida; Marcos Pereira Feitosa; André Pereira. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.