Assimilação e aculturação em Nga Mutúri: transformações na identidade através da língua

PÔSTER - XIX ENCONTRO ABRALIC

Rayane Gabriela de Souza

ORIENTAÇÃO: Roberta Guimarães Franco

RESUMOS: A assimilação linguística e cultural nos países que compõem a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) se deu durante o processo de colonização, incluindo em países africanos colonizados por Portugal. Ao adquirir a língua portuguesa e marginalizar as línguas locais, a cultura do colonizador se sobrepõe à(s) do colono, conforme afirma Fanon em Pele negra, máscaras brancas (2008): “falar é (...) sobretudo assumir uma cultura, suportar o peso de uma civilização”. As transformações identitárias dos indivíduos africanos são atravessadas pela assimilação da língua portuguesa e afastamento das línguas locais, distanciando das tradições africanas, e aproximando da modernidade europeia. Este trabalho faz parte do projeto "A formação da literatura angolana: temporalidades e dissonâncias”, financiado pelo CNPq, sob orientação da Prof. Dra. Roberta Guimarães Franco (FALE-UFMG), e tem o objetivo de analisar como a aquisição de uma língua interfere e modifica a identidade do sujeito ao marginalizar sua(s) língua(s) e cultura(s) pela assimilação e aculturação, tendo como pano de fundo a obra literária Nga Mutúri: cenas de Luanda (1882), de Antonio Troni, que narra a trajetória de Nga Ndreza, dada como quituxi, uma forma de pagamento pelos crimes do seu tio materno, a um comerciante português, tornando-se sua mucama. Ndreza irá adquirir o português em Luanda e frequentar um ambiente branco; o que lhe permitirá transitar nos dois espaços: falante de português, mas que recorre às expressões linguísticas e crenças locais, evidenciando contradições sobre sua identidade negra.

PALAVRAS-CHAVE: assimilação, aculturação, literaturas africanas, colonização.

REFERÊNCIAS: APPIAH, Kwame A., Na casa de meu pai. BITTENCOURT, Marcelo, Dos jornais ás armas: trajectórias da contestação angolana. FANON, Frantz, Pele negra, máscaras brancas. MATA, I. S. L., Epistemologias do “colonial” e da descolonização linguística: uma reflexão a partir de África. OYEWÙMÍ, Oyèrónké, A invenção das mulheres.