O potencial crítico dos contos de fada em sala de aula

MINICURSO

Ministrante: Marcos Vinícius Scheffel (UFRJ)
Carga horária: 4h/a
Datas: 01 de julho, de 8h30 às 12h30

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Resumo do minicurso: Em seu livro "Os contos de fada e a arte da subversão – o gênero clássico para crianças e o processo civilizador", Jack Zipes faz a seguinte constatação "contamos e consumimos contos de fada todos os dias no nível pessoal sem termos consciência de que dependemos deles para atravessar o dia" (ZIPES 2023, p. XVIII). É fácil perceber essa presença dos contos de fadas: em expressões da língua, em memes que circulam nas redes sociais, nas recorrentes adaptações fílmicas, nas reedições em edições simples ou de luxo, em programas governamentais de formação de leitor ou nas novas versões que surgem dessas histórias. O direcionamento do gênero para o público infantil produziu o efeito desses contos muitas vezes terem um forte conteúdo moral ou didático, atendendo tão somente a "demandas extraliterárias" (BAJOUR 2023, p.133). Em uma direção oposta, várias obras, direcionadas também para o público infantil e juvenil, se valem dos contos de fada de uma maneira "provocativamente subversiva" (ZIPES 2023, p. XVIII). O presente minicurso tem por objetivo se debruçar sobre essas obras – muitas delas com um rico trabalho entre texto e imagem e com projetos editoriais sofisticados – e pensar no seu potencial didático em sala de aula para formação de leitores críticos.

Bibliografia:

BAJOUR, Cecilia. Cartografia dos encontros: literatura, silêncio e mediação. Tradução Cícero Oliveira. Lauro de Freitas/BA: Editora Solisluna; São Paulo: Selo Emília, 2023.

BASILE, Giambattista. O conto dos contos – Pentameron. Tradução Francisco Degani. São Paulo: Nova Alexandria, 2018.

CARTER, Angela. 103 contos de fadas. Tradução Luciano Vieira Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GRIMM, Jacob & Wilhelm. Contos maravilhosos infantis & domésticos [1812-1815]. Tradução Christine Röhrig. São Paulo: Editora 34, 2018.

PERRAULT, Charles. Contos da mamãe gansa ou histórias do tempo antigo; tradução Leonardo Froes. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

STRAPAROLA, Giovan Francesco. Noites agradáveis – contos renascentistas italianos. Tradução Renata Cordeiro. São Paulo: Princípio, 2007.

ZIPES, JACKES. Os contos de fadas e a arte da subversão – o gênero clássico para crianças e o processo civilizador. Tradução Camila Werner. São Paulo: Editora Perspectiva, 2023.

Plano do curso:

O curso abordará aspectos relevantes do conto de fada: as origens, padrões para civilização, a ligação do gênero com a literatura infantil, o potencial libertador dos contos de fada entre outros.

Serão analisadas as seguintes obras:

  • Este é o lobo, Alexandre Rampazo.
  • Fita verde no cabelo: nova velha estória, Guimarães Rosa, ilustrações Roger Mello.
  • Sagratissuinorana: reconto {à moda Roseana}, João Guimarães e Nelson Cruz.
  • Chapeuzinho Amarelo, Chico Buarque, ilustrações de Ziraldo.
  • Três porquinhos brasileiros, Luiz Antonio Simas, ilustrações Bozó Bacamarte.
  • A casa da madrinha, Lygia Bojunga.
  • Longe como o meu querer, Mariana Colassanti.

Minibiografia:

Marcos Scheffel é professor da Faculdade de Educação da UFRJ e do Mestrado Profissional em Letras. É doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina com tese sobre a obra de Lima Barreto. Foi avaliador de programas de leituras (PNBE e PNLD-Literário) e coordenador de área do Programa de Iniciação à Docência e do Programa de Residência Pedagógica (CAPES). Suas pesquisas atualmente são focadas no ensino de literatura, na literatura infantil e juvenil e na formação de leitores na escola.