ORIENTAÇÃO: Sheila Praxedes Pereira Campos

RESUMO: A literatura fantástica está presente na humanidade desde tempos remotos, com a presença de fenômenos que, em sua maioria, são inexplicáveis pelas leis naturais do mundo real e que estão presentes em lendas, mitos, histórias, relatos ou fatos pertencentes a sociedades e culturas diversas. No caso específico das terras americanas, imaginadas “antes de serem descobertas” no dizer de Regina Zilberman (A terra em que nasceste, 1994), o olhar sobre a natureza fantástica do que existia no Novo Mundo já era mais abrangente do que a realidade poderia supor. Atraídos por essas narrativas repletas de elementos ex-óticos, diversos viajantes acudiram para o Brasil (a Amazônia, especialmente), construindo relatos repletos de fantasia e realidade que se interligam de maneira que as fronteiras entre o que é real e o que é ficção passam a ser tão tênues como a própria natureza dos relatos e discursos que reverberam até hoje. Nessa esteira de produção discursiva, este trabalho se insere no projeto de pesquisa “A Amazônia entre a realidade e a ficção: viagens e viajantes reais e imaginários”, coordenado pela professora Sheila Praxedes (UFRR), tomando, como objeto de análise, os relatos do explorador britânico Coronel Percy Fawcett (1867-1925) que tratam da existência de uma cidade perdida que influenciou autores como Arthur Conan Doyle (O Mundo Perdido, 1912) e histórias como a de Indiana Jones (o personagem criado por George Lucas e Steven Spielberg na década de 1980). A intenção é buscar entender, nos limites das narrativas derivadas de suas viagens à Amazônia, quais as fronteiras, se é que existem, entre realidade e fantasia e que papel categorias como fantástico, maravilhoso e mágico assumem, no sentido proposto por Tzvetan Todorov (Introdução à literatura fantástica, 2008), ao se interpenetrarem e resvalarem em narrativas em que se cruzam várias cosmogonias e estruturam, de certa maneira, uma produção discursiva que até hoje repercute em obras literárias sobre a região amazônica.

PALAVRAS-CHAVE: narrativa de viagem; fantástico; mágico; maravilhoso; Amazônia.