ORIENTAÇÃO: Professora Dra. Anna Faedrich

RESUMO: Este trabalho analisa a representação dos perfis femininos nos contos "O caso de Ruth", "Os Porcos" e "As Rosas" publicados na coletânea Ânsia Eterna (1903), da escritora carioca Júlia Lopes de Almeida (1862-1934). Nosso problema de pesquisa é: seriam perfis de mulher esperados pela sociedade patriarcal dos oitocentos, ou seriam perfis de mulheres transgressoras? Se transgressoras, quais seriam as consequências sofridas por elas? Buscamos refletir o porquê da utilização de desfechos tão escabrosos para as personagens femininas, de modo a entender o porquê da utilização de desfechos tão escabrosos para as personagens femininas, de modo a entender se se trata de uma crítica ao discurso dominante à época, que subjugava as mulheres, ou mera reprodução. A investigação tem como base o viés histórico do sistema patriarcal, a partir da socióloga britânica Sylvia Theresa Walby (2015) que compreende o patriarcado como um modelo passível de transformações, assumindo diferentes graus ou formas e o livro "Vozes femininas no início do protestantismo brasileiro: escravidão, Império, religião e papel feminino" (2014), da escritora Rute Salviano. Com isso, pretendemos demonstrar, por meio da análise das personagens femininas dos contos selecionados, o modelo de mulher esperado da época e as críticas feitas pela escritora à sociedade moralista e sexista. Percebemos que as personagens femininas consideradas infratoras deveriam suportar o peso da crítica e dos julgamentos, inclusive aquelas que eram vítimas da sociedade, mas eram vistas como culpadas. Levando em consideração o contexto de comunicação da época, o fim trágico das protagonistas na obra de Júlia Lopes parece não promover um atributo moral, pelo contrário, demonstra uma crítica ao padrão imposto às mulheres. Essa pesquisa faz parte de um projeto maior intitulado: Literatura de autoria feminina na Belle Époque brasileira: memória, esquecimento e repertórios de exclusão", realizado na Universidade Federal Fluminense.

PALAVRAS-CHAVE: Júlia Lopes de Almeida; perfil; mulheres.

REFERÊNCIAS: ALMEIDA, Júlia Lopes de. Ânsia Eterna. Brasília: Senado Federal, 2019a. ALMEIDA, Ruth Salviano. Vozes femininas no início do protestantismo brasileiro: escravidão, Império, religião e papel feminino. – São Paulo: Hagnos, 2014. FAEDRICH, Anna. “Memória e amnésia sexista: repertórios de exclusão das escritoras oitocentistas”. Letrônica, Revista Digital do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS, Porto Alegre, v. 11, n. especial (supl. 1), p. 164-177, set. 2018. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/. Acesso em: 1 jun. 2020. FIGUEIREDO, Viviane. “Ânsia eterna: desdobramentos do insólito na narrativa de Júlia Lopes de Almeida”. XII Congresso Internacional da ABRALIC, Centro, Centros – Ética, Estética, jul. 2011. Disponível em:https://abralic.org.br/eventos/cong2011/AnaisOnline/resumos/TC0908-1.pdf. Acesso em: 25 mai. 2020. PEREIRA, Lúcia Miguel. História da Literatura Brasileira: Prosa de ficção. Belo Horizonte: Itatiaia: São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988. REZENDE, Daniela. Patriarcado e formação do Brasil: uma leitura feminista de Oliveira Vianna e Sérgio Buarque de Holanda. Locus-UFV, 2015. Disponível em: https://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/17665/artigo.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 10 jun.2020.