ORIENTAÇÃO: Ana Beatriz Rodrigues Gonçalves

RESUMO: La Casa de la Belleza é o nome do espaço estético (seis estrelas) no qual está ambientada a obra – e também é o título do primeiro thriller (2015) da colombiana Melba Escobar. A história conta com duplo protagonismo: Karen e Claire, sendo a primeira esteticista e a segunda cliente de La Casa de la Belleza; as duas personagens constroem uma relação amistosa e contraditória, que motiva e alinhava o enredo. Apesar do foco em ambas, o livro conta com inúmeras personagens femininas, potentes máquinas de narrar, que juntas concebem toda a narrativa; que é, senão, uma reunião de relatos que se atravessam em alguma medida, tendo Karen como intermediadora e Claire como compiladora. Não em vão a trama se desenvolve centrada num grandioso salão de beleza, supostamente um ambiente capaz de dotar a mulher de poder; como se a beleza fosse a ferramenta de poder mais tangível às mulheres, e que a partir dela o acesso a novos espaços e oportunidades também fosse possível. A beleza denota uma sensação de poder à curto prazo ou uma espécie de poder fast food. Se constrói a metáfora da beleza como uma via de ascensão social. De fato, a ascensão social é algo que está em jogo ou, mais precisamente, é a retórica da beleza? Que tipo de superação estrutural conseguirá almejar a mulher pelas veredas da beleza? E de que beleza estamos falando? Tal beleza é plural, heterogênea, representativa, multiforme e multicolor? Mais que abandonar o padrão branco e eurocêntrico de beleza, é preciso desvincular a beleza do ato de consumir. A beleza consumida é inimiga da beleza como autocuidado, amor próprio e identidade. Sendo a beleza poder e item de consumo, o corpo que se constitui nesta beleza precificada pode ser pensado como uma reunião de bens compráveis. Dessa maneira, conclama-se uma saída a fim de que a beleza seja vivida de forma que não seja um entrave a um novo marco civilizatório feminino (onde a emancipação da mulher ganharia um significado mais fiel à expressão).

PALAVRAS-CHAVE: literatura colombiana; feminismo(s) latino-americano(s); mulheres autopercebidas; beleza-produto.

REFERÊNCIAS: ALVAREZ, S. Feminismos en movimiento, feminismos en protesta. Revista Punto Género, n. 11. Santiago do Chile: 2019. BAUMANN, S. 44 cartas ao mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. LUGONES, M. Hacia un feminismo descolonial. Revista Hypatia, v. 25, n. 4. Cuernavaca: 2010. MARTÍNEZ, A. Feminismo y literatura en latinoamérica. Revista Historia de las Mujeres, año I, n. 3. Lima: 1999. MARX, K. O Capital. São Paulo: Nova Cultural, 1985.