ORIENTAÇÃO: Ilca Vieira de Oliveira

RESUMO: Este trabalho, desenvolvido na Universidade Estadual de Montes Claros, em Iniciação Científica Voluntária (no período de agosto de 2019 a julho de 2020), visa verificar a relação existente entre o poema “Solilóquio do Novo Otelo”, do livro “Vaga Música” de Cecília Meireles, e a peça “Otelo, o Mouro de Veneza”, de William Shakespeare, com ênfase na temática do fantasma, da morte e da solidão. Considerando que o personagem Otelo de Shakespeare “tende para o que é externo. Mostra-se praticamente isento de introspecção e pouco afeito à reflexão” (BRAFLEY, 2009. p.140), no poema de Cecília Meireles nota-se que o eu lírico se configura em um diálogo consigo mesmo, revelando uma alusão à cena III, do Ato III, que se passa no espaço do jardim do castelo. Diante disso, o que se pretende é examinar como se desenvolve o diálogo intertextual entre o poema e a peça teatral, isto é, como a personagem que se apresenta pensativa e introspectiva, no texto dramático, é apreendida pelo olhar do poeta leitor que registra um “Novo Otelo”. Para o estudo do poema foram utilizados os textos teóricos sobre intertextualidade: “A estratégia da forma”, de Laurent Jenny (1979), “Estética da criação verbal” (2000) e “Os gêneros dos discursos” (2016), de Mikhail Bakhtin. Sobre o fantasma foram utilizados: “Espectros de Marx, de Jacques Derrida (1994), Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental” (2007), de Giorgio Agamben. Também foram utilizados os textos críticos: “A tragédia shakespeariana: Hamlet, Otelo, Rei Lear, Macbeth”, de A. C. Bradley (2009), “Shakespeare sob múltiplos olhares”, organizado por Anna Stegh Camati e Célia Arns de Miranda (2016), e “Pensamento e ‘lirismo puro’ na poesia de Cecília Meireles”, de Leila V. B. Gouvêa (2008). Assim, tendo a personagem Otelo como figura principal do estudo, a análise procurará ressaltar como diferentes textos (dramático e lírico) podem explicitar uma reflexão do ser humano diante dos seus conflitos e dramas existenciais.

PALAVRAS-CHAVE: literatura; Cecília Meireles; Shakespeare.

REFERÊNCIAS: AGAMBEN. Giorgio. Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental. [S. l.: s. n.], 2007; BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. [S. l.: s. n.], 2000; BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros dos discursos. [S. l.: s. n.], 2016; BRADLEY, A. C.. A tragédia shakespeariana: Hamlet, Otelo, Rei Lear, Macbeth. [S. l.: s. n.], 2009; CAMATI, Anna Stegh; MIRANDA, Célia Arns de (org.). Shakespeare sob múltiplos olhares. Paraná: UFPR - Universidade Federal do Paraná, 2016; DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx. [S. l.: s. n.], 1994; GOUVÊA, Leila V.B. Pensamento e "Lirismo Puro" na Poesia de Cecília Meireles. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. 248 p; JENNY, Laurent. A estratégia da forma. [S. l.: s. n.], 1979; MEIRELES, Cecília. Viagem e Vaga Música. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. 187 p. RAMOS, Karina Fernanda; XAVIER, César Rey. O Conceito de Sombra e o Avesso da Realidade: uma análise histórica e literária de suas representatividades. [S. l.: s. n.], 2014. Disponível em: https://anais.unicentro.br/proic/pdf/xixv2n1/255.pdf. Acesso em: 6 nov. 2020; SILVA , Mardem Leandro. A Hipótese Fantasma: a função do fantasma na construção do conhecimento. Orientador: Roberto Pires Calazans Matos. 2014. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de São João del-Rei, [S. l.], 2014. Disponível em: http://twixar.me/v6DT. Acesso em: 6 nov. 2020; SHAKESPEARE, William. Otelo, o Mouro de Veneza. [S. l.: s. n.], [s. d.]. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/otelo.pdf. Acesso em: 6 nov. 2020.