ÿþ<HTML><HEAD><TITLE>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</TITLE><link rel=STYLESHEET type=text/css href=css.css></HEAD><BODY aLink=#ff0000 bgColor=#FFFFFF leftMargin=0 link=#000000 text=#000000 topMargin=0 vLink=#000000 marginheight=0 marginwidth=0><table align=center width=700 cellpadding=0 cellspacing=0><tr><td align=left bgcolor=#cccccc valign=top width=550><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=3><font size=1>XII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC</font></font></strong><font face=Verdana size=1><b><br></b></font><font face=Verdana, Arial,Helvetica, sans-serif size=1><strong> </strong></font></font></td><td align=right bgcolor=#cccccc valign=top width=150><font face=arial size=2><strong><font face=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif size=1><font size=1>Resumo:916-1</font></em></font></strong></font></td></tr><tr><td colspan=2><br><br><table align=center width=700><tr><td><b>Oral (Tema Livre)</b><br><table width="100%"><tr><td width="60">916-1</td><td><b>Do Logos ao Drama: a (des)obra rizomática de Fernando Pessoa, entre a filosofia e a literatura</b></td></tr><tr><td valign=top>Autores:</td><td><u>Gabriel Cid de Garcia </u> (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) </td></tr></table><p align=justify><b><font size=2>Resumo</font></b><p align=justify class=tres><font size=2>A partir da suspeita de que o pensamento e sua expressão não se limitam a uma única forma, o presente trabalho investiga de que modo podemos pensar, a partir de Fernando Pessoa, uma relação possível entre filosofia e literatura. Quais os pressupostos que permitem considerar o fenômeno heteronímico pessoano como um expediente trágico que diz respeito ao próprio pensamento, ou ainda, como entrever, no projeto pessoano, o lugar de embate  trágico, por excelência  entre aquilo que somos, enquanto sujeitos, e os processos que franqueiam à escrita a constituição de subjetividades outras? Desdobrada em heterônimos, a obra de Pessoa comportaria em si a justaposição de formas diversas de ver e compreender o mundo, mas o processo pelo qual este desdobramento se dá poderia ser tomado como anterior às formas constituídas das personalidades particulares, apresentando-se como uma disposição anti-dialética do pensamento. O método pessoano de despersonalização, associado à dramatização pensada por Gilles Deleuze, torna impossível a confiança no ideal utópico da razão clássica, que imputava ao pensamento uma imagem, atribuindo-lhe a função da representação. Para além daquilo que o pensamento, reduzido à reflexão e à recognição, poderia pensar, a heteronímia encarnaria o desafio ético de uma afirmação da expressividade da vida, diante do impulso despótico significador que consiste em anular as diferenças, as aparências, as sensações, instaurando um processo de negação do real que oblitera a invenção de novas possibilidades de existir, de uma existência artística. Privilegiando como ponto de partida os escritos do heterônimo louco e filósofo de Fernando Pessoa, António Mora, nosso intuito é analisar de que modo sua crítica à tradição metafísica ocidental, em ressonância com a filosofia francesa contemporânea, de inspiração nietzschiana, pode se constituir como um intercessor capaz de dar a ver uma potência impessoal atuando entre a filosofia e a literatura. Enfrentar o Fora  este não-lugar que se define pela diferença intensiva de forças em relação, anteriores e constitutivas das formas  , tal seria a característica que define o pensamento, afastando-se da coerência que persegue a segurança do eterno e do estável, em detrimento do real e de seus elementos caóticos que a todo instante atestam o devir, a mudança, a instabilidade e a dissolução das formas. Neste movimento, qualquer interioridade é já lançada ao exterior, impedida de constituir-se em uma experiência que fosse definível, restrita à intimidade de um sujeito, quantificável e tributária das certezas de um Eu. É por meio deste funcionamento rizomático que a heteronímia produz em si um modo de pensamento que se compraz à multiplicidade, cujas partes funcionam independentemente do todo, no qual o nome é afastado daquilo que lhe é próprio enquanto um sujeito de conhecimento ou um autor. Compreender um autor significaria tomá-lo por um efeito de superfície em meio às misturas que o deslocam a cada instante em que escreve, assim como o atesta Pessoa, para quem um autor é apenas um escravo da multiplicidade de si próprio.</font></p></td></tr></table></tr></td></table></body></html>