A lição das coisas: a literatura da Shoah no Brasil
PÔSTER - XVIII Encontro ABRALIC
Pollyane Cassia da Silva Schivek
ORIENTAÇÃO: Lyslei Nascimento
RESUMOS: Este projeto objetiva realizar uma leitura crítica da produção literária nacional que tematiza a Shoah e efetuar uma revisão das teorias sobre coisas e objetos na literatura da Shoah, incluindo descrição, análise e interpretação de referências a coisas e objetos na literatura no Brasil que tenha a Shoah como tema. Para isso, será efetuada a leitura de testemunhos e, também, de uma produção assumidamente ficcional da Shoah focando na lista e na enumeração de objetos que parecem transcender a mera condição de coisa. Espera-se, desse modo, dar continuidade à pesquisa sobre a Shoah na literatura contemporânea, contribuindo para sua fortuna crítica. As reflexões críticas de Regina Igel, Márcio Seligmann-Silva e Jeanne Marie Gagnebin, no Brasil, entendem como uma espécie de poética da fragmentação, a quebra no discurso, ou a afasia, como características inerentes a esses textos. No entanto, inúmeras vezes, esses críticos consideram a impotência da escrita, da fugacidade da memória, do texto que não vem, e aproximam essa notória fragmentação do discurso à redução da narrativa linear ao arrolamento de perdas e/ou restos. À contrapelo dessa crítica, este projeto objetiva estudar os textos para além dessa sentença e delinear um arcabouço teórico que tenha no seu horizonte que não estamos, portanto, diante de um vazio, mas entre fragmentos, ruínas e cinzas, “coisas” em estado de dicionário, como queria Drummond, que parecem trazer do passado, “entre o ser e as coisas”, vozes que não podem ser apagadas. Nesse sentido, um banco de dados está sendo planejado para, em forma de verbetes enciclopédicos, arrolar autores e obras que serão revisitados a partir do recorte das referências a coisas e objetos que serão analisados a partir da ideia do Aleph, como queria Jorge Luis Borges, ou seja, tudo num ponto, e não da afasia ou da falta.
PALAVRAS-CHAVE: Palavras-chave: Shoah, literatura, memória, inovação.
REFERÊNCIAS: BORGES, J. L. O Aleph. Tradução de Davi Arrigucci Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. GAGNEBIN, J. M. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006. IGEL, R. Imigrantes judeus - escritores brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1997. SELIGMAN-SILVA, M. Literatura da Shoah no Brasil. Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG, Minas Gerais, v. 1, n. 1, p. 123–135. Novembro. 2007. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/maaravi/article/view/13908 .