O trabalho ora exposto visa analisar os pontos de contato e distanciamento, em perspectiva comparada, entre os romances Candunga (1954), do poeta, escritor e folclorista belenense, Bruno de Menezes; e Chibé (1964), do escritor, juiz de direito e jornalista castanhalense, Raimundo Holanda Guimarães. Tal estudo visa situar o escritor Raimundo Holanda Guimarães e sua obra no espaço literário paraense, abordando suas singularidades a partir do cotejo com a obra de Bruno de Menezes, com base nas correspondências cronológicas, homológicas e morfológicas entre as mesmas. Os dois romances se passam na década de 30, na Zona Bragantina do Pará, povoada por caboclos paraenses e migrantes nordestinos, onde se desenham as intrigas em que se envolvem as personagens, em pleno Regime Baratista. A relação entre história e literatura é perceptível em ambos os romances, com destaque para o Chibé, em virtude do qual o autor sofreu sérias consequências, como ameaças de morte e a apreensão e destruição de sua obra. Com vistas a analisar as relações entre os textos, buscaremos embasamento teórico predominantemente nos Estudos Culturais e na Teoria Literária. Aspectos como as representações da modernidade na Amazônia, e seus símbolos, a exemplo dos trens da Estrada de Ferro de Bragança, serão por nós abordados com base em Hardman (2005), Canclini (1990) e Miranda (1996). Além disso, trataremos das relações entre documento e ficção, a partir das teorias de Luis Costa Lima (1989); das interpretações dicotômicas entre campo e cidade, de acordo Schorske (1997); e das representações arquetípicas das personagens femininas, remontando aos mitos de Lilith e Maria, com base em Sicuteri (1998).