Caio Mendes Aparício Fernandes, Carlos Augusto Sarmento-Pantoja
O presente trabalho constrói uma cartografia na narrativa traumática da tragédia de Ésquilo, em busca de conceber a performance e a resistência das personagens como reveladores do testemunho da barbárie dos primeiros séculos da escrita literária. Sendo mais específico, a pesquisa apresenta: amostras de como se dá a performance das personagens nas tragédias “As Eumênides” e “Prometeu acorrentado”, discursões de que formas de resistência podemos identificar nas tragédias de Èsquilo e correlações das formas de performance às formas de resistência presentes nas obras. Para o conceito de performance utilizamos o teórico Marvin Carlson, que considera esta “um evento apresentado por performers e assistida por uma audiência” expressando um “processo infinitamente fascinante da autorreflexão pessoal, cultural e da experimentação”. (CARLSON, 2010, p. 224). Para a melhor compreensão do conceito de resistência, utilizamos o crítico Alfredo Bosi, que considera que “A escrita resistente não resgata apenas o que foi dito uma só vez no passado distante e que, não raro, foi ouvido por uma única testemunha [...] Também o que é calado no curso da conversação banal, por medo, angústia ou pudor, soará no monólogo narrativo, no diálogo dramático. E aqui são os valores mais autênticos e mais sofridos que abrem caminho e conseguem aflorar à superfície do texto ficcional. ” (BOSI, 2002, p. 133). Com isso, identificamos que a performance e resistência nas peças expressam o conflito entre Prometeu e Júpiter na peça Prometeu acorrentado, por conta da presença de valores e antivalores que se apresentam de forma ambivalente, algumas vezes implícita, e pela variada demonstração de resistência imanente. Na tragédia “As Eumênides”, temos o conflito entre Orestes e o Coro das fúrias pela presença de uma performance de Orestes.