O presente artigo procura analisar como a melancolia e a ironia participam da elaboração de uma estratégia de produção literária na qual Charles Baudelaire expressa seu repúdio aos rumos e preceitos adotados pela sociedade burguesa industrial e escreve simultaneamente para e contra o seu público alvo. Abordados a partir da tentativa de renovar os motivos e a forma poética, os conceitos parecem conjugar uma predisposição individual a um posicionamento negativo ou questionador perante a história, descrevendo, dessa forma, o desencanto e o pessimismo do poeta diante das transformações e rumos defendidos pela organização social humana durante a inauguração da modernidade. A análise enfoca a criação do poema em prosa e a nova condição do literato na tentativa de expor a opressão e alguns dos percalços enfrentados pelo lírico diante da necessidade de produzir uma nova faceta do belo e, ao mesmo tempo, ter de conduzir sua arte ao mercado. As obras Que é a literatura?, de Jean-Paul Sartre, O conceito de ironia, de Soren A. Kierkegaard, Quadros parisienses, de Dolf Oehler, e Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo, de Walter Benjamin, compõem a principal base teórica de nossa argumentação.
Palavras-chave: Literatura Comparada. Melancolia. Ironia. Poema em prosa. Baudelaire.