João Gilberto Noll tece narrativas que desconstroem fronteiras espaciais e temporais com o intuito de ter, como produto final, obras nas quais o desnudamento dos personagens resulte em um esvaziamento completo de projetos e de identidade (SCHØLLAMMER, 2011, p.32), já que os personagens-nômades parecem estar à mercê dos eventos que cruzam seus caminhos, numa espécie de casualidade que vai de situações aparentemente esdrúxulas a eventos do cotidiano.
O trabalho aqui proposto, fruto de reflexões iniciais da tese de doutoramento, visa analisar, à luz das teorias sobre pós-modernidade, três romances de Noll: Bandoleiros, Berkeley em Bellagio e Lorde. O fio norteador da análise comparada das obras em questão é o fato de os três protagonistas serem escritores, embora pouco exerçam a função. Além disso, tais personagens partem para empreitadas fora do Brasil e os percalços, junto a sensações diversas decorrentes desses deslocamentos, são descritos por esses narradores que, de alguma forma, buscam o desconhecido no exterior e no próprio exercício da escrita, que pouco acontece, haja vista a dificuldade de produção encontrada por eles.
Essa busca constante, através do desenraizamento do que seria familiar (SANTOS, 2007, p.39), é tema recorrente em Noll, assim como o transbordamento da sexualidade via relações fugazes. A presentifição do tempo também é visível na obra do escritor gaúcho, tema discutido através de reflexões sobre pós-modernidade contidas na obra Pós-modernismo: ou A lógica cultural do capitalismo tardio, de Fredric Jameson.
Palavras-chave: João Gilberto Noll. Escrita. Nomadismo