O escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909 – 1979) construiu o ciclo Extremo Norte, dez romances, publicados entre 1941 e 1978, no qual narra vivências de personagens que se entrelaçam e transitam entre o espaço do Marajó e o de Belém (capital) numa atmosfera de agitação, aturdimento psíquico, expansão das possibilidades de experiência e destruição. O romance Passagem dos Inocentes (1963) divide-se em dois importantes personagens, Alfredo, menino que vem estudar em Belém, e d. Celeste, sua prima e acolhedora, moradora da Passagem dos Inocentes no bairro Umarizal (Belém). Ela vive momentos em que se instala atmosfera melancólica, ora presa em seu tempo presente, ora presa na memória de sua grande a ventura, a fuga no vapor Trombetas. O objetivo desse estudo é analisar os momentos dessa melancolia encontrados na personagem Celeste, desde os instantes em que empreende a fuga no vapor Trombetas até sua difícil moradia na periferia da capital. Como aposte teórico se baseará nas ideias de BERMAN (1998) que entende a experiência da vida como um evento perigoso; em LAGES (2007), ASSMANN (2011) e BENJAMIN (1994, 1999) que auxiliarão na análise dos espaços melancólicos no romance. Procurar entender a melancolia de Celeste nesta narrativa ajuda a compreender as diferentes tensões de grandes transformações que aconteceram e acontecem na estética literária, sobretudo a partir da década de 1960, como também no espaço de uma cidade na Amazônia.
Palavras-chave: Melancolia. Passagem dos Inocentes. Transformações.