O presente texto discute o entrelaçar de linguagens e realidades patentes ao romance Eles eram muitos cavalos, de Luiz Rufato (2013), enquanto palavra que molda espaços simbólicos, moldando também espaços sociais, culturais, políticos e existenciais. A tessitura narrativa traz episódios dignos de um colecionador benjaminiano, um colecionador disposto a fazer exposições (des)ordenadas de estilhaços-vidas, de fragmentos-mundos, com base em cacos de uma realidade metonímica, não totalitária para a cidade e suas contradições. As fragmentações na forma, na perspectiva narrativa e nos conteúdos literários materializam territorialidades nômades, reconfigurando zonas fronteiriças entre o mundo letrado e suas formas-poder de representação. Rasuradas a transparência do real, da linguagem, da existência, bem como a feitura de histórias “belas” a camuflar a ambiguidade do ser humano, o romance traça o abismo que se coloca entre vidas (des)enredadas na solidão das grandes cidades. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica fundamentada por autores como: Giorgio Agamben, Maurice Blanchot, Regina Dalcastagnè, George Steiner, Walter Benjamin, entre outros.
Palavras-chave: Literatura Contemporânea. Limiares. Conflitos. Resistências.