Raul Bopp leva seus leitores a movimentar-se, mobilizando-os e colocando-os em processo de mudança. É o que ocorre em “Cobra Norato”, obra que marca uma fase inteira da nossa Literatura, o Modernismo Brasileiro. É potência que arrasta, provoca e tem a possibilidade de desalojar. Pensando no conceito de homem comum, que subsiste em devir, refletimos que a poesia boppiana aposta na potência do devir, pois “resulta do rompimento de fronteiras entre mundos diversos, bem como da abertura para potências de um modelo lógico desconhecido.” (MENEZES, 2011, p.163). Utilizando como ponto de partida os argumentos do filósofo Giorgio Agamben (2009), torna-se possível afirmar que Bopp foi um homem contemporâneo. Pois, o poeta, com seu olhar contemporâneo, enxerga o escuro e sabe que por trás dele há uma luz que quer atingi-lo, ao mesmo tempo que olha para o presente vendo as penumbras. Ele consegue um distanciamento do seu tempo para poder vê-lo, nessa fenda; no esquizo, nessa instância se dá o contemporâneo. Constatamos ainda, a presença do narrador sedentário, proposto pelo filósofo alemão Walter Benjamim e identificamos marcas de oralidade no texto. Enfim, buscaremos mostrar como o universo boppiano desafia os limites impostos pelos dispositivos disciplinares, dando voz e inventando o “povo que falta”. Deleuze nomeia-os como povo menor, “que falta”, seres inferiores, bastardos, mas sempre inacabados em devir constante; os excluídos, esquecidos que vivem à margem, como o anômalo do sertão.
Palavras-chave: Raul Bopp. Figurações do comum. Contemporâneo.