O Teatro do Oprimido, criado pelo brasileiro Augusto Boal, é hoje reconhecido em todo o mundo por suas infinitas possibilidades estéticas e pedagógicas. O envolvimento visceral com as questões políticas e sociais permite um alargamento desta proposta dramatúrgica que alcança as mais diversas realidades no Brasil e mundo afora. O objetivo deste trabalho é demonstrar como se dá a presença do Teatro do Oprimido na Catalunha, Espanha, cujo principal grupo, chamado “Forn de Teatre Pa’tothom, de Barcelona, realiza, há mais de uma década, um trabalho muito sensível, politicamente comprometido e artisticamente profissional, em escolas públicas catalãs, bem como em associações de bairro e em inúmeros outros espaços carentes de expressões artísticas e de oportunidades de manifestação política pelo teatro. O estudo do grupo foi feito in loco, a partir de entrevistas e de observação empírica, considerando os diferentes processos de criação pelos quais passam os atores. A concepção, a escrita e a encenação de cada obra correspondem a um longo caminho de criação coletiva, que conta com a participação efetiva de atores profissionais – formados, em sua maioria, pelo próprio grupo, em sua escola de atores, coordenada pelo ator e diretor teatral, Jordi Forcadas, que foi aluno de Boal. Trata-se de um caso extremamente interessante porque as ações não se restringem à elaboração das peças, mas contemplam também a formação de atores – de todas as faixas etárias – tendo como principais objetivos a emancipação social e a sensibilização estética de todos os envolvidos direta e indiretamente com o grupo, alcançando um efeito multiplicador de consciência político-social em diferentes camadas da sociedade. Para a realização de uma abordagem teórico-bibliográfica do grupo, com vistas a uma compreensão mais alargada de seus métodos e dos resultados alcançados, partimos, prioritariamente, da bibliografia sobre o Teatro do Oprimido, escrita pelo próprio Boal.
Palavras-chave: Teatro do Oprimido. Barcelona. Emancipação. Educação. Cultura.