A Literatura Infantil e Juvenil africana de língua portuguesa teve seu início a partir da Independência Nacional desses países, em 1975, à exceção de Cabo Verde, cujos excertos do primeiro romance moderno, e considerado por nós como a primeira obra de Literatura Infantil e Juvenil Cabo-verdiana, foram publicados originariamente em 1936 e 1937, em Cabo Verde, respectivamente nos dois primeiros números da Revista Claridade – de Artes e Letras. Trata-se do romance Chiquinho, de Baltasar Lopes, publicado integralmente em Lisboa em 1947. Este artigo enfoca o nascimento da Literatura Infantil e Juvenil Cabo-verdiana, assinalando seus textos fundadores, bem como destaca, das publicações havidas após 1975, data da Independência Nacional, a obra Comandante Hussi, do escritor cabo-verdiano diaspórico Jorge Araújo, a primeira do gênero publicada no Brasil. O autor utiliza-se das estratégias da paródia (HUTCHEON, 1989) e do grotesco (BAKHTIN, 2013) para construir a narrativa, baseando-se originalmente no jornalismo literário, tornando a obra de potencial interesse para crianças e jovens. Comandante Hussi será analisado com base nas noções de identidade cultural postuladas por Stuart Hall (2003, 2006), derivando na proposta de sua abordagem, a partir do 6º ano do Ensino Fundamental, como instrumento didático-pedagógico para cumprimento das disposições da Lei 10.639/2003.
Palavras-chave: Comandante Hussi, Identidade Cultural, Literatura Infantil e Juvenil Cabo-verdiana; Jorge Araújo.