Para Hutcheon (1991), um dos principais desafios do discurso pós-moderno refere-se justamente à noção tradicional de perspectiva. O questionamento a respeito da natureza da subjetividade tem como consequência o fato de o narrador não ser mais uma entidade coerente e geradora de significados, ao contrário, na ficção pós-moderna os narradores passam a ser múltiplos e difíceis de localizar ou deliberadamente provisórios, limitados e, muitas vezes, enfraquecidos no que se refere à própria onisciência. Partindo desta perspectiva, objetivamos neste trabalho tecer uma comparação entre a escrita saramaguiana partindo da análise do romance Levantado do chão (1980) e a máquina de fazer espanhóis (2011), do angolano Valter Hugo Mãe. O fio condutor para a análise está centrado nas peculiaridades do narrador, bem como na questão das identidades minoritárias na construção dos personagens.
Palavras-chave: Pós-moderno. José Saramago. Valter Hugo Mãe. Romance.